O MISA-Moçambique condena veementemente a detenção ilegal do jornalista da STV, Izidine Achá, ocorrido hoje, dia 14 de Abril de 2020, na Cidade de Pemba.
O jornalista foi detido por militares, cerca das 09,00 horas, e só viria a ser restituído à liberdade por volta das 13,00 horas.
No momento da detenção, os militares arrancaram o celular do repórter, por sinal o mesmo que estava a usar para captar a imagem das operações que estavam a decorrer num dos bairros da cidade de Pemba.
Ao fim da detenção, os militares apagaram as imagens captadas pelo repórter, e avisaram-no que deveria ter cuidado. Foi igualmente aconselhado a não revelar que tinha sido detido. Foi justamente a mesma mensagem que o Porta-voz da Polícia em Pemba deu à família.
“O porta-voz da Polícia disse que Izidine não estava detido e que a informação sobre a sua detenção não passava de um mal-entendido”, disse o irmão do jornalista, ao MISA-Moçambique.
Em contacto com o MISA-Moçambique, o jornalista confirmou que esteve retido na Esquadra da Polícia.
A detenção de Izidine ocorre precisamente uma semana depois do desaparecimento do jornalista e locutor da Rádio Comunitária de Palma, Ibraimo Abu Mbaruco.
Ibraimo Mbaruco teria sido sequestrado quando regressava a casa, entre as 18,00 e 19,00 horas. Momentos antes, Ibraimo Mbaruco teria enviado uma curta mensagem (SMS) a um dos seus colegas de trabalho, informando que “estava cercado por militares”. A partir desse momento, não mais atendeu às chamadas, embora o seu telefone continuasse a dar sinal de estar ainda comunicável. Até hoje desconhece-se o paradeiro do jornalista.
Acontece também na mesma semana em que o país celebrou o 11 de Abril, considerado o Dia do Jornalista Moçambicano.
O MISA-Moçambique nota que as ordens expressas dos militares para que o jornalista não revelasse a sua detenção, e a tentativa descarada da Polícia de manipular a informação são uma evidência clara de que eles sabiam que o seu acto era ilegal, e estavam cientes de estarem a desobedecer as normas e regras emanadas dos seus próprios superiores.
O MISA-Moçambique condena estes actos de agressão contra jornalistas, e mais grave ainda, no pleno exercício das suas obrigações profissionais.
Insta, por isso, as autoridades do Governo para que usem todos os meios para permitir que os jornalistas trabalhem em ambiente de liberdade. Apela ainda que seja restituído à liberdade o repórter desaparecido desde dia 7 de Abril.
Às autoridades militares e policiais, o MISA-Moçambique reitera o seu respeito pela missão que têm de garantir a segurança e tranquilidade públicas, e apela para que não usem do seu poder para molestar jornalistas em pleno exercício das suas responsabilidades profissionais.