Comemorou-se, no último sábado, 15 de Fevereiro, o Dia Internacional da Luta contra o Cancro Infantil, uma data instituída pela Childhood Cancer International (CCI) para sensibilizar as sociedades sobre a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado e apoio às crianças e famílias afectadas pela doença. A iniciativa conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta que o cancro é uma das principais causas de morte entre crianças e adolescentes. No entanto, até 80% dos casos podem ser curados se forem diagnosticados a tempo e tratados adequadamente, evidenciando a importância de investimentos em saúde pública.
Em Moçambique, o acesso ao diagnóstico e ao tratamento do cancro infantil ainda enfrenta grandes desafios. A maioria dos casos chega aos hospitais em estágios avançados devido à falta de informação, infra-estrutura médica insuficiente e dificuldades de acesso a centros especializados. De acordo com o Plano Nacional de Controlo do Cancro 2019-2029, do Ministério da Saúde, o país ainda precisa ampliar, significativamente, a capacidade de atendimento oncológico, reforçando a formação de profissionais de saúde, melhorando os mecanismos de rastreio precoce e expandindo os serviços especializados para outras regiões além da capital, Maputo.
Actualmente, o alcance destes serviços é, ainda, limitado, sendo o Instituto Nacional de Saúde (INS) e alguns hospitais de referência, os principais centros de atendimento a crianças com cancro. A Organização Internacional da Luta contra o Cancro Infantil (CCI) alerta que, além do tratamento médico, é essencial oferecer apoio psicossocial às crianças e suas famílias. Muitas crianças diagnosticadas com cancro acabam deixando a escola devido às exigências do tratamento, o que pode comprometer seu desenvolvimento académico e social. As famílias também enfrentam dificuldades emocionais e económicas, especialmente em contextos de vulnerabilidade, onde o acesso a serviços de assistência é reduzido.
Para enfrentar este cenário, a OMS estabeleceu a Iniciativa Global contra o Cancro Infantil, que tem como meta aumentar a taxa de sobrevivência para pelo menos 60% até 2030. Para atingir este objectivo, a estratégia inclui a capacitação de profissionais de saúde, a ampliação do acesso a medicamentos essenciais e a promoção de campanhas de sensibilização para alertar sobre a importância do diagnóstico precoce.
Em Moçambique, algumas organizações da sociedade civil têm desempenhado um papel importante na luta contra o cancro infantil. Iniciativas como campanhas de rastreio, apoio psicossocial e mobilização de recursos têm ajudado a aliviar algumas das dificuldades enfrentadas pelas crianças e suas famílias. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as crianças tenham acesso ao tratamento adequado e à possibilidade de uma vida saudável.
Por isso, neste Dia Internacional da Luta contra o Cancro Infantil, reforça-se a necessidade de se investir na saúde infantil, garantir o acesso universal ao diagnóstico, tratamento e apoio às famílias que enfrentam esta batalha. Com esforços coordenados entre governos, organizações internacionais e sociedade civil, é possível aumentar as chances de sobrevivência das crianças e proporcioná-las uma vida plena e saudável.
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https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/58254/v47e1542023.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://siop-online.org/who-global-initiative-for-childhood-cancer/