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A ALEGAÇÃO

Um dos conteúdos de desinformação que marcou a semana que agora termina é de um vídeo de cerca de 18 segundos, no qual o candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, supostamente promete que, caso ele e o seu partido ganhem as eleições do dia 9 de Outubro, cada pessoa vai ter em casa um avião e um aeroporto. O vídeo, disponível aqui está a ser amplamente partilhado nas redes sociais digitais, com Daniel Chapo a afirmar que se “ganhar eleições, aqui em Chitima, cada pessoa vai ter em casa avião dele e aeroporto dele”. Numa das legendas, pode se ler que "Daniel Francisco Chapo promete a cada cidadão um avião em sua residência".

 

OS FACTOS

A verificação efectuada pelo MisaCheck constatou que o vídeo em questão é real.  Entretanto, sofreu manipulação. Na verdade, o trecho viral junta duas intervenções distintas. A primeira foi feita pelo candidato no distrito de Chitima, na província de Tete. Essa é a passagem que refere que se "ganhar eleições, aqui em Chitima”. A segunda parte, feita num outro local, refere que “cada pessoa vai ter em casa avião dele e aeroporto dele”. Na verdade, esta última passagem foi extraída de uma crítica feita por Daniel Chapo contra “falsas promessas” da oposição. É comum o candidato da Frelimo criticar, nos seus comícios populares, as promessas da oposição. Num comício em Mecanhelas, província do Niassa, por exemplo, Daniel Chapo afirma que "nós não podemos aceitar que venha alguém mentir ao povo, aqui em Mecanhelas. Chegam a dizer até que, caso ganharem eleições, aqui em Mecanhelas, cada pessoa vai ter um avião, com aeroporto dele em casa". Aliás, por falar de manipulação, não é por acaso que, no vídeo manipulado, apenas se mostra o rosto de Daniel Chapo quando diz “ganhar eleições, aqui em Chitima”. Na parte final, onde é feita a alegada promessa de avião e aeroporto individuais, os manipulares do vídeo decidiram omitir o rosto do candidato da Frelimo, eventualmente para não exporem possíveis distorções entre as expressões verbal e gestual, possíveis de detectar neste tipo de montagens.

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quinta-feira, 26 setembro 2024 07:08

Não, secretário-geral da OJM não apoiou a oposição

manipulado

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A ALEGAÇÃO

Desde o início de Setembro corrente que tem circulado, nas redes sociais digitais, uma fotografia do secretário-geral da Organização da Juventude Moçambicana (OJM, braço juvenil do partido Frelimo), Silva Livone, juntamente com mais três jovens vestidos de camisetas de campanha do partido no poder, alegadamente a apoiarem a oposição. Na imagem, todos acenam três dedos de uma das mãos, num claro apelo ao voto para número três. A imagem está a ser usada como um flagrante episódio de que, por detrás do “politicamente correcto”, até membros da Frelimo, afinal apoiam a candidatura de Venâncio Mondlane, o candidato presidencial do Podemos que, no sorteio feito pelo Conselho Constitucional em Junho último, ficou na terceira posição dos boletins de voto, atrás de Lutero Simango (MDM), na posição 1, Daniel Chapo (Frelimo), posição 2, e a frente de Ossufo Momade (Renamo), posição 4.  As legendas à imagem em causa incluem frases como "Os camaradas também estão com VM7" e o “secretário-geral da OJM e seus pares dizem sim ao Venâncio MONDLANE (3) e PODEMOS (17)”.

Uma página do Facebook, com o nome e logotipo do Podemos, o partido que suporta Venâncio Mondlane, também refere que "Podes usar essa camisa, o importante é saber o PIN certo que é 3".

 

OS FACTOS

Embora a imagem em causa seja autêntica, o seu contexto está completamente manipulado. De facto, a imagem em que o SG da Frelimo e mais três jovens acenam a mão com três dedos em apelo de voto para o número três não tem qualquer relação com a campanha para as eleições deste ano, 2024. A imagem tem a ver, isso sim, com as eleições autárquicas de 2023, quando a Frelimo era o número 3 nos boletins de voto. A imagem foi, sim, feita em 2023, quando o partido Frelimo ocupava a posição número 3 no boletim de voto, o que justifica o gesto dos três dedos. Ao Misacheck, o SG da OJM, Silva Livone, confirmou que a foto é das eleições autárquicas de 2023 e não deste ano. “É do ano passado, nas autárquicas, onde a Frelimo era número 3”, disse-nos Livone, acrescentando que “neste tempo de campanha, há muita manipulação”. Ainda a afastar qualquer ligação com a posição, o SG da OJM terminou com o "Vamos Trabalhar", o slogan do candidato presidencial da Frelimo nas eleições deste ano, Daniel Chapo.

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A ALEGAÇÃO

Um vídeo chocante, com massacres de civis por militares com recurso de armas de fogo, inundou as plataformas digitais, nos últimos dias, dando conta de “chacina de cristãos, pelo Estado Islâmico na África Central (divisão administrativa do EI)”, em Cabo Delgado, Norte de Moçambique. Dezenas de corpos que parecem ser de garimpeiros artesanais estão estatelados numa extensa vala, enquanto homens armados disparam tiros de forma incessante e gritando “Allahu Akbar” (Deus é grande), um hino de grupos extremistas. A alegação diz se tratar de Cabo Delgado, palco de uma guerra extremista há cerca de sete anos, é acompanhada por questionamentos sobre o silêncio do mundo perante os massacres. Um internauta chega a lamentar pelo silêncio das Nações Unidas e do respectivo secretário-geral, António Guterres.

 

OS FACTOS

O vídeo em causa é real, mas o seu contexto está deturpado. De facto, o vídeo não retrata acontecimentos de Cabo Delgado, nem de Moçambique. Pelo contrário, é um vídeo de Burkina Fasso. O mesmo retrata um massacre realizado por um grupo jihadista conhecido como Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM), afiliado à Al-Qaeda. O grupo matou mais de 400 civis, obrigando-os a deitar-se uns sobre os outros em trincheiras para tentar se proteger, conforme se pode verificar numa das passagens do vídeo (atenção que é sensível), disponível aqui. Aliás, não é a primeira vez que este vídeo é divulgado de forma deturpada. O mesmo já foi usado para descrever um suposto massacre cometido pela Milícia de Apoio Rápido, em Darfur, no Oeste do Sudão, onde, alegadamente, o grupo extremista terá executado mais de 700 civis desarmados, acusados de espionagem e de fornecer coordenadas para ataques aéreos do exército sudanês. No entanto, após um exercício de verificação, constatou-se que o vídeo em questão não tem qualquer ligação com o conflito actual no Sudão, como se pode ver aqui.

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terça-feira, 19 dezembro 2023 17:41

Filipe Nyusi não foi anunciado para 3° mandato

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A ALEGAÇÃO

O dia acordou agitado, nas redes sociais digitais, esta terça-feira, 19 de Dezembro de 2023, com uma informação dando conta de que o presidente da República, Filipe Nyusi, vai se candidatar para o cargo de presidente da Frelimo e para um terceiro mandato. A informação foi publicada no Facebook, numa página denominada “Eleições Moçambique: 2023-2024”, alegadamente criada com o propósito de “ajudar o povo a reflectir sobre as eleições em Moçambique”. Embora não esclareça a que terceiro mandato se refere, nomeadamente se um terceiro mandato na direcção da Frelimo ou na governação do país, a publicação está a ser apresentada como a consumação de um dos receios que vêm dominando o debate público nacional, nos últimos anos, sobre um pretenso interesse de Filipe Nyusi em se manter no poder, mesmo depois de cumprir, em 2024, os dois mandatos constitucionalmente estabelecidos.

A informação, que causou agitação no Facebook e em alguns grupos de WhatsApp, é acompanhada por um screenshot (captura de tela), que mostra uma edição do Jornal da Tarde da Televisão de Moçambique, no qual aparece o secretário-geral da Frelimo, Roque Silva, com os seguintes dizeres: “Presidência da Frelimo / Secretário-Geral confirma Filipe Nyusi como candidato único”, conforme se podia ler aqui, pelo menos ate as 20h desta terça-feira. Quase à mesma hora da publicação, cerca das 11h:30 minutos da manhã, a mesma página fez mais um post relacionado ao assunto: “confirmada a perpetuação da governação de Filipe Jacinto Nyusi”.

OS FACTOS

Entretanto, esta informação não corresponde à verdade. De facto, Filipe Nyusi não foi, por estes dias, confirmado para presidente da Frelimo e muito menos para um terceiro mandato, seja ele onde for. Aliás, não houve, este ano, muito menos recentemente, qualquer votação para a Presidência da Frelimo. Filipe Nyusi está, ainda, a cumprir o segundo ano do seu segundo mandato, após a sua reeleição a presidente do partido, em Setembro de 2022. Como se não bastasse, a imagem que acompanha a informação da suposta eleição que se pretende fazer crer que acaba de acontecer foi, justamente, extraída de um noticiário do ano passado, quando Filipe Nyusi foi confirmado como candidato único à Presidência da Frelimo, no XII Congresso da Frelimo, na Matola, como se pode ver a partir do minuto 22 e 21 segundos do Jornal da Tarde da TVM do dia 21 de Setembro de 2022.

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Cervaja e calor

A ALEGAÇÃO

Desde a manhã da última segunda-feira, 20 de Novembro, que um vídeo de um apresentador de televisão a apelar ao consumo de álcool se tornou viral nas redes sociais digitais. No vídeo de 17 segundos, depois de apresentar o estado de tempo, com temperaturas altas um pouco por todo o país, Peter Ndlate, da Televisão Miramar, destaca como a cidade de Tete “estará extremamente quente, com 44 graus centígrados, um calor extremamente abrasador”.

A seguir, o apresentador refere: “recomenda-se, então, o consumo de álcool para poder hidratar o corpo”. Nas redes sociais digitais, particularmente no Whatsapp, o vídeo está a ser usado para suportar apelos para consumo de álcool como forma de fazer face ao calor que se regista nos últimos dias, em Moçambique. Um internatura chega a escrever que “é disso que a gente quer”, assinalando que “não é só toda hora água”.

OS FACTOS

Dadas as implicações do apelo para a saúde pública, o Misa-Check fez a verificação do caso e constatou que o vídeo é autêntico. De facto, o apresentar recomendou ao consumo de álcool para poder hidratar o corpo”. No entanto, o disse por lapso. Aliás, ao se aperceber do lapso, o apresentador tratou, imediatamente, de corrigir nos seguintes termos: “consumo de água, assim é que é. Tem que se consumir muita água para hidratar o nosso corpo”.

Assim, o vídeo de 17 segundos, que está a ser usado como argumento para apelar ao consumo de álcool face ao calor intenso, é apenas um extracto intecionalmente extraído do programa informativo MZ no Ar, da Televisão Miramar, na sua primeira edição do dia 20 de Novembro corrente, recortado claramente para confundir a opinião pública. O trecho completo, incluindo a correcção tempestiva do apresentador, estava, pelo menos até à manhã desta quarta-feira, 22 de Novembro, disponível aqui, concretamente entre os minutos 11:40  e 12:18.

Nestes dias em que Moçambique regista altas temperaturas, é importante lembrar ao público que o consumo de álcool pode não ser a melhor opção para enfrentar a onda de calor, podendo, pelo contrário, agravar quadros de desidratação.

 

Published in Saúde

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A ALEGAÇÃO

Desde a manhã de segunda-feira, 16 de Outubro, que circula, nas redes sociais da Internet, uma informação dando conta de uma suposta notificação a Gabriel Júnior, apresentador de televisão e presidente do Conselho de Administração (PCA) da Tv Sucesso, alegadamente em virtude de o meio de comunicação ter feito cobertura imparcial ao processo eleitoral, sobretudo a partir da votação de 11 de Outubro. A alegação baseia-se no trecho de um depoimento feito por Gabriel Júnior, no Programa “Moçambique em Concerto”, do dia 15 de Outubro.

No Programa, o apresentador diz, a dado passo, estar com vontade de falar, mas que não vai falar. "Eu não vou falar. Não vou, não. É melhor não. É melhor não”. diz. E depois prossegue: “eu fui notificado. A Televisão também. Mas não vou falar por que. Vamo-nos fazer presentes na terça-feira. Vamos responder. Vai correr tudo bem porque Deus proverá e Ele estará diante de nós”. A interpretação geral dada às palavras de Gabriel Júnior, particularmente nas redes sociais da Internet, é de que ele e a Tv Sucesso foram notificados em Tribunal em forma de pressão política pelo facto de a televisão ter exposto várias irregularidades que caracterizaram a votação e contagem de votos desde o dia 11 de Outubro.

OS FACTOS

É verdade que a Tv Sucesso e o respectivo PCA foram, recentemente, notificados para uma audição, em Tribunal. Mas, junto à Televisão, o MISA-Moçambique (organização-mãe do Misa Check e que trabalha na promoção e protecção das liberdades de imprensa e de expressão), soube que a notificação em causa, exactamente a que se refere Gabriel Júnior, no “Moçambique em Concerto”, não tinha qualquer ligação com a cobertura jornalítica da televisão ao processo eleitoral 2023.

Pelo contrário, a notificacação, que incluía os repórteres Luciano Valentim e Berta Muiambo, tinha que ver com um caso que é movido pela antiga porta-voz do Serviço Nacional de Migração, Cira Fernandes, contra os dois repórteres desta estação televisiva acima mencionados, indiciados de calúnia e difamação, caso que, até à tarde desta terça-feira, podia ser visto aqui. A audição, que estava agendada para 17 de Outubro, acabou sendo adiada sem nova data.

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terça-feira, 10 outubro 2023 12:54

Cantor Allan2 não disse “Renamo Hoyéee”

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A ALEGAÇãO

Desde a semana passada que se tornou viral, nas redes sociais digitais, um vídeo no qual um cantor moçambicano, de nome artístico Allan2, alegadamente exalta o partido Renamo, em pleno showmício do partido Frelimo. De acordo com uma legenda feita sobre o vídeo, Allan2 teria gritado “Renamo Hoyéee”, em exaltação a este partido, num evento organizado pela Frelimo, em que participavam membros deste último partido, incluindo Celso Correia, o director de campanha da Frelimo e chefe da bridada central de assistência à província de Nampula. Aliás, numa das descrições ao vídeo de 29 segundos (pelo menos até à tarde de 10 de Outubro de 2023, disponível aqui), refere-se o seguinte: “isso que é verdadeira vingança. O músico Allan2, de Nampula, exalta a Renamo (gritou «Renamo hoyeeeee» ), em pleno show organizado pela Frelimo em Nampula”.

OS FACTOS

Entretanto, uma verificação efectuada pelo Misa Check permitiu apurar que, na verdade, o cantor Allan2 não disse “Renamo Hoyéee”. Pelo contrário, o que o cantor disse foi “Monapo Hoyéee”, em referência ao nome da autarquia da província de Nampula, onde decorreu o showmício. Embora, foneticamente, “Monapo Hoyéee” possa se confundir com “Renamo Hoyéee”, não foi o caso na actuação do cantor baseado na cidade de Nampula, capital da província com o mesmo nome. Aliás, no vídeo original, com 4 minutos e 57 segundos, que Allan2 publicou na sua página do Facebook, às 21h:18 minutos do dia 27 de Setembro, segundo dia da campanha eleitoral 2023, o cantor exalta, claramente, a Frelimo. Até à tarde de 10 de Outubro de 2023, este vídeo inicial estava disponível aqui.

Após o extracto de 30 segundos viralizar nas redes sociais da Internet, o cantor Allan2 voltou a utilizar a sua página do Facebook para publicar a versão original do vídeo, reclamando que o mesmo foi editado para distorcer o que ele teria dito e manchar a sua imagem. “Saudações família. Este é o vídeo original. O que está a circular foi editado por alguém de má fé, no intuíto de manchar a minha imagem. Assistam e escutam com atenção o que realmente eu digo. Estamos juntos e vamos nessa”, escreveu o cantor, numa publicação com as hastags “#Monapo Hoye" e "#Frelimo Hoye" até  à tarde de 10 de Outubro de 2023, disponível aqui. Portanto, o vídeo em causa é real, mas o seu conteúdo está a ser deturpado.

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terça-feira, 10 outubro 2023 09:07

Ossufo Momade não acenou a favor da Frelimo

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A ALEGAÇÃO

Tornou-se viral, nas redes sociais digitais, sobretudo nos últimos dois dias, uma imagem do presidente do partido Renamo, Ossufo Momade, alegadamente acenando, numa actividade de campanha eleitoral, a favor do partido Frelimo. Na imagem em que aparece ao lado de Paulo Vahanle, cabeça de lista da Renamo à autarquia de Nampula, nas eleições municipais deste ano, Ossufo Momade surge com a mão direita levantada e com três dedos para cima, contrariando Paulo Vahanle, que acena com apenas dois dedos.

A legenda sobre a imagem refere que “Ossufo Momade garante nº 3”, em alusão ao partido Frelimo que, no sorteio para as autárquicas deste ano, ficou na terceira posição. Aliás, a dar azo ao alegado apoio de Ossufo Momade ao partido Frelimo, veja-se o que referem várias mensagens que circulam nas redes sociais digitais: “Presidente da Renamo, Ossufo Momade, já disse SIM no número 3. Confirmou o seu voto na Frelimo”; “Ossufo não consegue esconder a sua paixão pela Frelimo. A verdade é como caju. Pode demorar, mas quando amadurece, cai sozinha”; “Claro que sempre esteve claro que OM é um membro do partido Frelimo, com quotas em dia e pagas até 2027”.

OS FACTOS

Entretanto, uma verificação feita pelo Misa Check concluiu que a imagem em que Ossufo Momade surge, alegadamente a endossar a Frelimo, é fruto de pura manipulação. De facto, na fotografia original, Ossufo Momade não levanta apenas três dedos, mas os cinco da sua mão, como se pode ver aqui. Como se não bastasse, a imagem em que o presidente da Renamo aparece com apenas três dedos levantados mostra claros efeitos de edição: uma mão com tonalidade mais escura que na fotografia original, e dedos ligeiramente compridos que na imagem original. 

Mais ainda, o Misa Check falou com o autor da fotografia original, o jornalista Sitoi Lutxeque (veja assinatura da imagem no link acima), baseado em Nampula. O jornalista, que cobriu o evento de campanha em que Ossufo Momade se fez fotografar com Paulo Vahanle, disse não se lembrar do presidente da Renamo a endossar a Frelimo. O jornalista disse que registou a imagem ao longo da Avenida do Trabalho, em frente ao Moza Banco, na famosa zona de Jamila. Na altura, a caravana de Ossufo Momade estava numa passeata que foi culminar com um comício na zona da Faina. Com efeito, Ossufo Momade, Paulo Vahanle e Abiba Abá, a delegada política da Renamo, em Nampula, que se vê ao fundo da fotografia, encontravam-se numa viatura em movimento, à caminho da Faina.

Portanto, a ideia de que Ossufo Momade está a apoiar a Frelimo é pura manipulaçao, pelo menos a partir da imagem em causa. Aliás, numa outra versão manipulada da mesma imagem, Ossufo Momade até surge com boné e camisa, ambos vermelhos, cor que identifica a Frelimo. Nesta imagem, a camisa de Ossufo até tem símbolo da Frelimo, tudo contrariando a fotografia original, em que o presidente da Renamo veste camisa e boné azuis, uma das cores que identifica o seu partido.

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A ALEGAÇÃO

Está a circular, nos últimos dias, nas redes sociais digitais, uma fotografia que mostra crianças em idade escolar, sentadas em blocos perfilados sobre um chão alagado, numa sala de aulas de construção precária. Actualmente a viralizar no WhatsApp, a imagem em causa está a ser associada à falta de condições de ensino e aprendizagem, em Moçambique. Estando em curso a campanha eleitoral para as eleições autárquicas 2023, a imagem está a ser usada como um convite para um voto contra a falta de condições no Sistema Nacional de Educação (SNE). Com efeito, numa das descrições à imagem, pode se ler o seguinte: “Eles (Nota do Editor: em referência às crianças sentadas ao chão) não têm idade para votar, por favor vote por elesʼʼ. 

Aliás, já antes das eleições, a mesma imagem havia sido publicada, no dia 29 de Maio de 2022, no Facebook, com a referência “A educação em Moçambique”, seguida por comentários como “é triste este cenário onde está o nosso governo da Frelimo. Só querem nossos votos”; “a Frelimo é que fez, a Frelimo é que faz”; “por favor, socorro para essas crianças. Onde está o nosso governo? A Frelimo é que faz quando quer voto, mas depois deixa tudo, sem fazer nada. Pelo menos olhem para o sofrimento desses inocentes, Meu Deus”; ou “enquanto isso, a nossa madeira sai à porta pequena para o mundo lá fora...”, conforme publicação disponível, pelo menos até à tarde do dia 6 de Outubro de 2023, aqui.

OS FACTOS

Embora a falta de condições no SNE seja real, em Moçambique, onde alunos continuam a estudar em situações deploráveis, sentadas no chão e ao relento, incluindo por baixo de árvores, a imagem em causa não é de Moçambique. Na verdade, ela foi tirada no Quénia e retrata uma enchente numa escola da cidade de Kilifi, em Maio de 2019. Portanto, a actual publicação desta imagem está descontextualizada. Aliás, não é a primeira que ela está a ser publicada de forma deturpada. Já em 2019, havia sido associada, nas redes sociais digitais, à Nigéria, o que foi, na altura, rebatido por várias agências de verificação de factos, como a AFP.

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Agentes PRM

A ALEGAÇÃO

A Polícia da República de Moçambique (PRM) divulgou, oficialmente, na semana passada, um documento estabelecendo medidas sobre a postura virtual do membro da PRM. No entanto, dois meses antes da sua divulgação oficial, o documento em causa já circulava nos media tradicionais e digitais. Foi, pois, em Julho que começou a circular uma informação dando conta de proibição de uso de redes sociais digitais por parte de agentes da PRM. Uma imagem que se tornou viral, mostrando agentes da PRM devidamente uniformizados, é acompanhada pela seguinte legenda: “Proibido Usar: Facebook, Instagram, Tik Tok”. Pelo menos até às 9h desta sexta-feira, 08 de Setembro de 2023, a imagem estava disponível aqui.

OS FACTOS

Entretanto, esta é uma informação apresentada com exagero. Na verdade, os agentes da PRM não estão proibidos de usar Facebook, Instagram, Tik Tok ou qualquer outra rede social digital. A restrição imposta está, sobretudo, relacionada à publicação de imagens e informações meramente policiais ou, quando muito, à exposição desnecessária dos agentes no espaço digital. O que sucedeu é que a PRM introduziu um conjunto de 14 medidas para conter o que considera “uso indevido das redes sociais”.

De acordo com a Nota no 37/CGPRM/DDEP/006/2023, consultada pelo Misa Check, a publicação de imagens e difusão de informações meramente policiais por parte de alguns membros da PRM, alguns deles uniformizados e em poses que indiciam libertinagem, através das plataformas digitais (WhatsApp, Tik Tok e Facebook), pode trazer “efeitos adversos” não apenas ao comportamento e imagem do membro, como, também, à imagem institucional.

Das 14 medidas, abaixo apresentadas, nenhuma se refere à proibição do uso das redes sociais da internet, mas do que um agente da PRM se deve abster no máximo:

  1. Expor-se desnecessariamente, pondo em causa a sua personalidade, idoneidade pessoal e profissional;
  2. Abster-se de postar fotos e vídeos uniformizado, fazendo danças eróticas e ou em poses sexuais;
  3. Postar todos os eventos directos ou indiretcos relacionados à PRM nas redes sociais;
  4. Publicar fotos que mostrem armamento, brasão, fardamento, viaturas ou equipamento de proteção dos polícias;
  5. Divulgar informações operativas;
  6. Presar declarações político-partidárias ou depreciativas a órgãos públicos, autoridades e demais individualidades do Estado;
  7. Publicar e partilhar notícias não confirmadas, muito menos falsas;
  8. Desabafar, atacar familiares, amigos, conhecidos, colegas e personalidades ou individualidades cuja imagem carece de ser salvaguardada;
  9. Publicar ou compartilhar vídeos, áudios, fotografia ou similares que atentem contra a privacidade e a dignidade de pessoas envolvidas, em contextos de autuação da Polícia ou órgãos de administração da justiça.
  10. Usar expressões que podem incitar discórdias, agressões verbais, ou outro tipo de violência;
  11. Compartilhar episódios violentos ou obscenos;
  12. Buscar conhecer mais detalhes das pessoas com quem se relaciona nas redes sociais;
  13. Compartilhar informações de origem duvidosas e preconceituosas;
  14. Compartilhar conteúdos que incitem qualquer tipo de conflito, que podem denigrir a imagem de alguém ou de qualquer instituição.

Portanto, e como se extrai das 14 medidas, a PRM não proibiu a utilização, em si, das redes sociais digitais por parte dos seus membros. Apenas os proibiu de publicarem informações que tenham alguma ligação directa com a corporação, como forma de salvaguarda da imagem institucional, ou conteúdos que configurem exposição desnecessária dos agentes no espaço digital, que podem afectar sua personalidade, idoneidade pessoal e até profissional. Aliás, na sua nota, a PRM apresenta as medidas como “limites na postura virtual” do membro da PRM que, com efeito, é reconhecido como um “usuário das redes sociais”, fixando-se, apenas, a conduta a adoptar “enquanto nos ligamos e desligamos das redes sociais”.

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