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segunda-feira, 18 janeiro 2021 15:14

Remdesivir: Vacina injetável contra a Covid-19 exclusivamente para África?

Data da declaração: 18/01/2021

Data da verificação: 16/01/2020

Circulam nas redes sociais imagens de uma vacina injetável contra a Covid-19, de nome Remdesivir, supostamente destinada exclusivamente aos países africanos (Angola, Benin, Burkina Faso, Burundi, Camarões, República Centro Africana, Chade, Comores, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Moçambique, entre outros). Nos termos de utilização da referida vacina, dispõe-se de forma expressa que a sua distribuição é proibida nos Estados Unidos da América, Canadá e União Europeia.

Este facto, gerou diferentes reações, levando alguns internautas, incluindo em grupos de whatsap, a considerarem que esta vacina está a ser distribuída apenas nos países africanos e não nos países desenvolvidos porque não é segura. O MISACHECK, em parceria com o MOZCHECK, procurou aferir a veracidade sobre a existência dessa vacina e das suas respectivas especificações em termos de distribuição geográfica, ao que constactou que se trata de uma notícia falsa.

Da pesquisa feita, foi possível constatar que a Remdesvir é, na verdade, uma injeção usada para tratar a Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2 em adultos hospitalizados e crianças com 12 anos de idade ou que pesam pelo menos 40 kg. Este medicamento está na classe dos chamados antivirais e age impedindo que o vírus se espalhe no corpo.

Portanto, o medicamento existe. Contudo, não se trata de uma vacina contra a Covid-19, conforme o veiculado nas redes sociais. Mais ainda, a alegacão de que esta suposta vacina é distribuída apenas em África e não no Ocidente por ser insegura também é falsa. De acordo com a agência Boom, a Remdesvir é também distribuída nos Estados Unidos da América e na Europa, sendo que em Julho de 2020, Washington anunciou ter comprado 92% de toda a produção de Remdesivir pelo Laboratório Gilead até o final de Setembro.

De igual modo, a Comissão Europeia assinou contrato com a farmacêutica Gilead para garantir doses de Veklury, marca da Remdesivir, tendo sido este o primeiro medicamento autorizado pela UE para tratar a Covid-19.

A Reuters esclarece que a Gilead produz Remdesivir em aproximadamente 50 países. No entanto, para expandir seu fornecimento de tratamento para outras partes do mundo, a Gilead assinou pactos de licenciamento não exclusivos com vários outros fabricantes de medicamentos, sendo um deles a Cipla. O fabricante do medicamento disse que a restrição do rótulo mostrada nas publicações das redes sociais indica simplesmente territórios não licenciados para fornecimento pela Cipla.

Importa referir que no dia 20 de Novembro de 2020, a OMS emitiu uma recomendação condicional contra o uso de Remdesivir em pacientes hospitalizados, independentemente da gravidade da doença, pois actualmente não há evidências de que a Remdesivir melhore as possibilidades de sobrevivência e outros resultados nesses pacientes.