Published April 25, 2024
Categories: Intervenções

A igualdade de género, no sector de media, em Moçambique, continua a ser um desafio enorme. O mais recente Relatório de Género na Media, uma publicação anual da Associação h2n, mostra como a predominância masculina, nas redaçcões, continua a ser um obstáculo significativo, intensificando as desigualdades de género e limitando o potencial das mulheres em várias áreas.

O estudo, lançado este mês, analisou as tendências de género em diversos meios de comunicação, incluindo rádios comunitárias, televisões e jornais, ao longo do ano de 2023. Embora o estudo tenha constatado, em 2023, um crescimento da proporção de colaboradores do sexo feminino em 45% nas rádios e 59% nos jornais, contra 27% e 35% respectivamente em 2022, a maioria dos órgãos de comunicação mantém uma predominância masculina.

Os dados revelam que, apesar do aumento de 78% no número de mulheres nas redações, passando de 320 em 2022 para 570 em 2023, os homens ocupam 82% e as mulheres 18% dos cargos de liderança nos três tipos de mídia avaliados.

Na esfera televisiva, embora se observe uma maior presença de mulheres em programas de telejornalismo, debates, entretenimento e desporto, ainda há uma disparidade significativa em termos de localização e função entre homens e mulheres. A situação ressalta a necessidade urgente de se promover, nos media moçambicanos, uma maior igualdade de género, como forma de dar oportunidades iguais a todos e de reconhecer os direitos fundamentais das mulheres.

Fraca atenção às pessoas com deficiência

Ainda do ponto de vista de igualdade e, de forma geral, dos direitos humanos, o relatório também destaca a falta de representatividade e atenção dada às pessoas com deficiência (PcD) não sector de media, em Moçambique. E os números, esses falam por si: dos 7336 artigos contabilizados, em 2023, nos nove principais jornais do país, apenas 21 abordam temas relacionados a PcD, representando 0,3% dos artigos.

Embora baixo, este número já é um aumento em comparação com o ano de 2022, quando foram elaborados apenas 2 artigos sobre PcD. Tal como em relação à igualdade de género, os dados sobre a inclusão de PcD nos media mostram haver, ainda, um longo caminho por percorrer. São dados que servem como um chamamento à acção para todas as partes interessadas em criar estratégias mais robustas e inclusivas para promover uma representação mais equilibrada e justa.

Leia o relatório: https://h2n.org.mz/wp-content/uploads/2024/04/H2N_REPORT_2024_08_A.pdf

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