Dois repórteres da Tua Televisão, abreviadamente designada “Tua TV”, foram agredidos, na tarde desta quinta-feira (04.08.2022), em Maputo, por quatro agentes dos Serviços Nacionais de Investigação Criminal (SERNIC).
Trata-se do Jornalista Alexandre Eusébio e do operador de câmara, Ivaldo Novela, que cobriam as cerimónias fúnebres de um agente da polícia que teria tirado a própria vida, no bairro Ferroviário, e cujas imagens do suicídio circularam nas redes sociais.
Informações da Tua TV referem que os agressores, na altura identificados como agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal e colegas do finado, pretendiam impedir a filmagem das referidas cerimónias fúnebres, embora os familiares tenham autorizado a captação de imagens do ambiente exterior. Esta justificação, de autorização familiar, não convenceu os quatro agentes policiais, que acabaram atraindo outros indivíduos que consumiam bebidas alcoólicas nas imediações, criando um cenário de animosidade.
Na sequência, os supostos agentes exigiram a câmara e o cartão de memória, ao que os jornalistas se recusaram. Acto contínuo, os agentes do SERNIC partiram para agressões físicas aos jornalistas, tendo, igualmente, danificado a câmara de filmagem, apoderando-se também do cartão de memória.
Por ver a sua integridade física ameaçada, a equipa de repórteres pôs-se em fuga, em direcção à redacção. Confrontada com a situação, a Tua TV contactou o porta-voz do SERNIC na cidade de Maputo, Hilario Lole, que aconselhou a emissora a voltar à esquadra mais próxima do local do ocorrido, a fim de participar o caso, para efeitos de seguimento e esclarecimento.
Posicionamento
O MISA Moçambique repudia este e quaisquer actos de agressão e destruição do equipamento de trabalho de jornalistas. Faz lembrar, ainda, que é de lei que os jornalistas tenham o livre acesso a locais para a cobertura jornalística de eventos de supremo interesse público.
O MISA entende que, a prévia autorização dos familiares para a captação de imagens, apenas do ambiente externo das cerimónias, não implicava a exposição de imagens chocantes, o que mais uma vez, torna a acção dos agentes do SERNIC incompreensível.
Outrossim, o simples facto de terem sido colegas do finado, argumento usado para justificar a agressão e intimidação, é infundado, dado que o interesse jornalístico incidia sobre a morte, por alegado suicídio, de um servidor público. Nada tinha que ver com relações de proximidade entre colegas. O MISA apela, por isso, às autoridades do CERNIC a encetarem diligências para o apuramento das responsabilidades de cada um dos agentes, seja de nível criminal como disciplinar. O MISA reserva-se, por outro lado, o direito de intentar acções judiciais para a responsabilização dos promotores destas agressões.