O MISA Moçambique tomou conhecimento, com justificada preocupação, de que a Renamo impediu, no dia 21 deste mês, a Miramar de fazer a cobertura da sua marcha de manifestação contra os resultados das eleições autárquicas na cidade de Maputo. O mesmo partido, através do seu cabeça de lista Venâncio Mondlane, ameaçou de bloquear a TVM de cobrir os eventos por si organizados.
No caso da Miramar, a equipa de reportagem foi proibida de cobrir a manifestação da Renamo, o maior partido da oposição. Os simpatizantes da Renamo alegaram que a Miramar não tem feito a cobertura das suas manifestações, optando por distanciamento. Por isso, não queriam que naquele dia, 21 de Outubro em curso, a Miramar acompanhasse a sua marcha pelas ruas da cidade de Maputo, a partir do mercado grossista de Zimpeto.
A Miramar confirma a ocorrências, mas diz que houve um mal-entendido da parte dos simpatizantes da Renamo, mas que isso acabou sendo ultrapassado e neste momento a Miramar faz coberturas das manifestações da Renamo sem qualquer problema.
Relativamente a TVM, a delegação política da Renamo tinha decidido que este órgão não devia cobrir mais os seus eventos, mas o seu cabeça de lista, Venâncio Mondlane, pediu à sua delegação política da cidade de Maputo para que abrisse excepção para que a TVM estivesse na última marcha.
O cabeça de lista da Renamo ameaçou: “se a TVM continuar a desvirtuar as nossas comunicações, os nossos eventos, fiquem a saber que automaticamente será dispensada de todos os nossos eventos”.
Posicionamento
O MISA-Moçambique condena este e quaisquer actos de ameaças, intimidação ou proibição de trabalho dos jornalistas. Faz lembrar, ainda, que a cobertura jornalística de eventos de índole político, social, económico, ou qualquer outro, não pode e não deve ser condicionada ao tipo de abordagens a serem feita sobre a matéria recolhida. Qualquer condicionalismo nesse sentido configura censura, uma violação grave de liberdade de imprensa.
Igualmente, o órgão de informação não tem a obrigação de cobrir diariamente todos os eventos partidários, porque, eles têm diariamente assuntos prioritários que podem não ser marchas políticas. Quer dizer, o jornalismo tem critérios de definição de notícias. E é na base desses critérios que se definem as notícias mais relevantes que devem merecer cobertura prioritária. Mas isso não pode ser usado abusivamente pelos jornalistas para excluir coberturas políticas relevantes de partidos.
O MISA Moçambique apela aos órgãos de informação e aos respectivos jornalistas a pautar, neste período de tensão política, pelo rigor, imparcialidade e neutralidade, quer na definição do que deve ser notícia como na cobertura noticiosa dos eventos. O profissionalismo ou os altos padrões técnico-profissionais, a ética e deontologia devem ser valores a serem preservados e a serem colocados em primeiro lugar.
Maputo, 25 de Outubro de 2023