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O último sábado, 11 de Maio, era para ter sido mais um dia normal de trabalho para o repórter de imagem Carlos Jossias. Mas o repórter da Tua Tv (TTV) acabou vendo o seu trabalho brutalmente interrompido por um agente comercial. O cameramen foi agredido e seu material de trabalho foi danificado.

 

Tudo começou quando, por volta da 1h de madrugada, uma equipa da TTV, que se encontrava em serviço de reportagem sobre operações policiais nocturnas, deparou-se com um bar, de nome Loirinha, em chamas, na cidade de Maputo. Sendo o incêndio um acontecimento noticioso, a equipa parou para registá-lo. Foi quando um agente comercial afecto ao estabelecimento partiu para a violência. Identificado pelo único nome de Michael, e descrito como filho do proprietário do bar, o jovem primeiro derrubou a câmara de filmagem, que caiu e danificou-se, no local. Juntamente com a câmara, também se danificou uma luz de auxílio usada par melhor a visibilidade durante as filmagens (tecnicamente designada por spotlight).

A seguir, o agressor derrubou o próprio repórter, que o pisoteou, enquanto exaltava-se contra ele, alegando que, no lugar de filmar, a equipa de reportagem devia ajudar a apagar o fogo. Foi necessária a intervenção de populares que tentavam debelar o fogo para parar o agressor. Mesmo assim, continuou a perseguir o repórter até às instalações da televisão, que não ficam longe do referido bar. Como resultado da agressão, Carlos Jossias contraiu ferimentos, particularmente no joelho. Teve de ser levado ao hospital, na mesma madrugada. Até esta quarta-feira, o repórter de imagem continuava a queixar-se de dores no joelho, preparando-se para regressar ao hospital para uma nova consulta, incluindo Raio X, para verificar o estado interior do local que mais sofreu agressões.

Posicionamento

O MISA Moçambique condena este e qualquer outro acto de agressão de jornalistas. Quando mais um repórter foi acaba de ser vítima de uma agressão vil, o MISA lembra que a o exercício do jornalismo não se compadece com vontades de quem quer que seja. O incêndio sobre um estabelecimento comercial público é notícia em qualquer parte do mundo e a sua reportagem não depende da boa vontade do seu proprietário. De igual forma, não é papel de repórteres apagar incêndios, no lugar de filmar a ocorrência, como pretendia o agente comercial agressor.

Mais do que isso, o exercício do jornalismo é, em Moçambique, uma profissão com cobertura constitucional, que não pode ser limitado por vontades de agentes comerciais ou quaisquer outras pessoas. E o exercício da liberdade de imprensa inclui, justamente, a faculdade que os jornalistas têm de permanecer em todos os locais onde a sua presença se mostre necessária para o exercício do seu trabalho, com garantias legais de não serem proibidos nem agredidos.

Por violar os fundamentos do jornalismo, o MISA Moçambique reserva-se ao direito de demandar responsabilização criminal ao protagonista da agressão do repórter Carlos Jossias e da danificação do equipamento de trabalho da Tua Tv.

 

Maputo, 16 de Maio de 2024

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