O Capítulo Moçambicano do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA Moçambique) e o Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), realizam, desde esta sexta-feira, um seminário com editores sobre questões de ética e qualidade da informação eleitoral. O evento, de dois dias, 28 e 29 de Junho, junta cerca de 20 editores, na localidade de Macaneta, em Marracuene, província de Maputo.
Apoiado pela Embaixada da Noruega, o seminário tem como objectivo central engajar editores na discussão de questões éticas e de qualidade de informação na cobertura de eleições, por forma a responderem adequadamente às necessidades de informação eleitoral de interesse público. É um evento que surge no contexto das Eleições Presidenciais, Legislativas, para as Assembleias Provinciais e para Governador de Província deste ano.
É entendimento dos organizadores do evento que, além dos habituais treinamentos de jornalistas sobre cobertura eleitoral, é crucial engajar editores, pois estes têm um papel fundamental na decisão final sobre o conteúdo mediático. Falando na abertura do evento, o presidente do MISA Moçambique, Jeremias Langa, destacou a importância do seminário para o aperfeiçoamento da actuação profissional dos jornalistas e dos media durante os períodos eleitorais.
De acordo com Jeremias Langa, o jornalismo enfrenta, na actualidade, desafios significativos, que incluem ameaças de desinformação, sobretudo no espaço digital, que exigem uma actuação proactiva dos media para garantir informação credível durante as eleições. Langa acrescentou, ainda, outros desafios ao jornalismo nas eleições, como a insustentabilidade financeira dos meios de comunicação, a dependência excessiva de jornalistas em relação as fontes de informação e o papel limitado das organizações socio-profissionais.
Por sua vez, o secretário-geral do SNJ, Faruco Sadique, mencionou alguns desafios que ocorreram no processo eleitoral de 2023, um pouco por todo o país. Deu exemplo do tratamento desigual dos concorrentes dos partidos políticos; situação de alguns jornalistas que constavam nas listas dos partidos eleitorais concorrentes sem que tenham renunciado à profissão; membros de gestão eleitoral, partidos políticos e Forças de Defesa e Segurança que foram acusados de dificultar o pleno exercício da actividade jornalística; impedimento do livre acesso e, em alguns casos, com recurso à violência. Com efeito, Faruco Sadique desafiou a classe jornalística a se organizar para um melhor desempenho em prol da qualidade da informação nas eleições deste ano.
Maputo, 28 de Junho de 2024