logo misa

Promovendo a Liberdade de Expressão na África Austral

IMG 8923

Esta é uma das principais afirmações da Conferência sobre Desinformação em Tempo de Eleições, que teve lugar na passada sexta-feira, em Maputo. Falando na abertura do evento, o presidente do MISA Moçambique, Jeremias Langa, destacou como a propagação de informações manipuladas se tornou um risco real, no mundo e em Moçambique, em particular.

Não é para menos. Com o crescente acesso à internet e às redes sociais digitais, a desinformação durante os processos eleitorais se tornou uma preocupação central em várias democracias, e Moçambique não está imune a essa realidade. Numa altura em que o país se encontra na fase da campanha para as Eleições Gerais de 9 de Outubro, o tema da desinformação surge como um dos principais desafios que ameaçam a integridade do processo eleitoral e, por consequência, da própria democracia.

Foi no âmbito dos esforços visando enfrentar esta realidade que o MISA Moçambique realizou, em colaboração com o International Media Support (IMS), a Conferência sobre Desinformação em Tempo de Eleições. O evento do dia 12 de Setembro, na capital do país, foi um verdadeiro espaço de diálogo aberto entre os principais actores eleitorais e especialistas na área de desinformação. Falando na abertura do evento, o presidente do MISA Moçambique, Jeremias Langa, assinalou que o avanço das tecnologias digitais facilita a proliferação de informações manipuladas.

Ao que referiu o presidente do MISA, a disseminação desenfreada de desinformação, particularmente durante períodos eleitorais, tem potencial para minar a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas e comprometer o direito dos cidadãos de fazer escolhas informadas. “A propagação de informações manipuladas se tornou um risco real, particularmente durante os períodos eleitorais. Esta é uma ameaça que não apenas mina a confiança pública nas instituições democráticas, mas também interfere directamente no direito dos cidadãos de fazer escolhas informadas e conscientes,” afirmou Langa.

As eleições autárquicas de 2023 foram um exemplo concreto dessa realidade. O MISA Moçambique, através da sua unidade de verificação de factos, Misa Check, detectou vários casos de desinformação visando desacreditar candidatos e manipular os processos eleitorais. Por isso, Jeremias Langa não podia ter deixado de destacar os esforços contínuos do MISA para combater o fenómeno por meio de fact-checking e capacitação de jornalistas e activistas da sociedade civil. "Garantir a integridade da informação que chega ao público é tarefa nobre na actualidade", ressaltou.

Quem também se mostrou preocupado pelos riscos da desinformação nas eleições foi o oficial de programas na Embaixada da Suécia, Augusto Uamusse, que lembrou que, em 2024, cerca de metade da população mundial vai votar a eleições, o que representa um facto histórico e de avanço na democracia. “Moçambique faz parte desta estatística, com a realização das próximas eleições, e o país está no contexto global que é marcado pela desconfiança nas instituições e pela desinformação que influencia a opinião pública, principalmente com a emergência de novas tecnologias como é o caso da inteligência artificial incluindo as redes sociais”, disse. Na sua intervenção, Uamusse acrescentou que o IMS e a Agência Sueca de Desenvolvimento Internacional estão engajados em reforçar o papel das coligações de meios de comunicação social na promoção da mudança democrática.

Por sua vez, o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, destacou a gravidade da situação. Segundo ele, "a desinformação e as fake news surgem como grandes ameaças à integridade de qualquer processo eleitoral e à própria segurança das pessoas, por distorcer a verdade e minar a confiança das instituições" Cunica indicou que o impacto destas práticas se manifesta directamente na criação de divisões sociais, comprometendo os direitos fundamentais dos cidadãos.

No contexto das eleições gerais deste ano, o porta-voz da CNE alertou para a necessidade de maior regulação das plataformas digitais, uma vez que, apesar dos esforços institucionais, o país ainda não avançou em termos legislativos para criar um ambiente digital mais saudável. "O cenário em que chegamos às eleições deste ano é muito desafiador, dada a emergência da inteligência artificial como ferramenta mais acessível, o que traz novos desafios e novas possibilidades criativas," afirmou Cuinica, destacando a urgência de uma abordagem mais complexa para enfrentar o problema da desinformação.

O evento da última sexta-feira, que decorreu em formato híbrido, reuniu jornalistas, académicos, representantes de partidos políticos, membros da sociedade civil, observadores eleitorais, e outros actores envolvidos no processo eleitoral, para um diálogo sobre este que é um dos maiores desafios que enfrentamos nas democracias contemporâneas.

IMG 8943

Maputo, 16 de Setembro de 2024

Banner Parceiros 2024 Banner baixa