O terceiro dia do Fórum de Media, Direitos Humanos, Cidadania e Desenvolvimento, promovido pelo MISA-Moçambique, esteve dedicado a um tema crucial para o jornalismo. Na sessão desta quarta-feira, 4 de Dezembro, a classe discutiu as ameaças, os riscos e oportunidades à volta da produção de conteúdos no espaço digital. Uma das conclusões do debate foi de que, apesar das ameaças e riscos que apresenta, a digitalização também oferece oportunidades ao sector, cabendo aos jornalistas saberem tirar partido. O especialista em Liberdade de Expressão no Ambiente Digital na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Lucas Ferreira, destacou como os avanços tecnológicos trazem ameaças como a desinformação e o discurso de odio. Ferreira, que participou do evento virtual a partir do Brasil, indicou como até a liberdade de expressão, garantida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, está sob ameaça no ecossistema digital, devido à desinformação, discurso de ódio e teorias da conspiração.
Para a fonte, um dos caminhos para enfrentar esses desafios está nas directrizes da UNESCO para a governação das plataformas digitais, que busca promover a liberdade de expressão, moderar conteúdos de forma ética e proteger os direitos humanos, no ambiente virtual. Na sua alocução, Lucas Ferreira reforçou a importância do jornalismo responsável, recomendando, aos profissionais da área, a duvidarem e questionarem as informações que aparecem no ambiente digital, como método de trabalho jornalístico.
Por sua vez, a jornalista e activista social, Sheila Wilson, também destacou os benefícios e os perigos da produção de conteúdos digitais, no país. Para a jornalista, a digitalização tem o potencial de fortalecer a cidadania, defender os direitos humanos e promover o desenvolvimento económico e social. “A produção de conteúdos digitais tornou-se uma ferramenta essencial para o fortalecimento da cidadania, mas a crescente digitalização também compromete a segurança, a liberdade de expressão e a privacidade dos indivíduos”, referiu.
A jornalista destacou ameaças como censura, vigilância digital, ataques cibernéticos e o uso indevido de dados pessoais. Além disso, mencionou os riscos associados à produção digital, como a dependência de conectividade, sobrecarga de informações e as limitações técnicas de equipamentos acessíveis. Sobre como maximizar as oportunidades e mitigar os riscos, Sheila Wilson defende a necessidade de alfabetização digital e a segurança cibernética. “Promover o entendimento crítico sobre o uso seguro da internet é fundamental”, disse.