A ALEGAÇÃO
Circula, nos últimos dias, nas redes sociais digitais, uma alegação segundo a qual o presidente do Burkina Faso, Ibrahim Traoré, teria afirmado que o ex-presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, deveria ser preso por crimes cometidos durante sua governação. Na suposta mensagem, o presidente do Burkina Fasso é citado a tecer críticas contra líderes africanos que utilizam o poder para enriquecer às custas do sofrimento de seus cidadãos, alegadamente citando Filipe Nyusi como um exemplo desse tipo de liderança.
Na ocasião, indica a alegação, o presidente burquinense teria afirmado que Nyusi deveria ser responsabilizado pelos seus actos, encorajando o povo moçambicano a lutar pelos seus direitos, incluindo a justiça e a restauração da democracia, no país. Ainda de acordo com a alegação, o presidente do Burkina Faso teria afirmado que, embora os moçambicanos sejam um povo resiliente, eles precisam demonstrar, ao mundo, a sua intolerância contra a corrupção e a opressão. Enquanto, para alguns, as supostas afirmações de Ibrahim Traoré são um apoio ao crescente descontentamento popular em relação ao governo, o que pode catalisar novas mobilizações, para outros, trata-se de uma “intromissão nos assuntos internos de Moçambique”.
OS FACTOS
Entretanto, uma verificação efectuada pelo Misacheck concluiu que tais alegações são falsas. Aliás, nenhum órgão de comunicação credível publicou uma informação de género. Pela sua seriedade, pronunciamentos desta natureza teriam sido de destaque nos media nacionais e internacionais. Mesmo na página oficial do Governo do Burkina Fasso, não existe qualquer publicação a este respeito. Além disso, o site que publicou, originalmente, a alegação em causa é de credibilidade duvidosa. Mais ainda, as janelas de compartilhamento e comentários do site em causa redirecionam os usuários para sites de apostas, levando a crer que a publicação de informações bombásticas, como os supostos pronunciamentos de Ibrahim Traoré contra Filipe Nyusi, seja apenas uma táctica para atrair usuários para os chamados “jogos de fortuna e azar”. Outra preocupação é de o site ter removido a publicação poucos dias depois.