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A ALEGAÇÃO

Está a circular, nos últimos dias, nas redes sociais digitais, uma fotografia que mostra crianças em idade escolar, sentadas em blocos perfilados sobre um chão alagado, numa sala de aulas de construção precária. Actualmente a viralizar no WhatsApp, a imagem em causa está a ser associada à falta de condições de ensino e aprendizagem, em Moçambique. Estando em curso a campanha eleitoral para as eleições autárquicas 2023, a imagem está a ser usada como um convite para um voto contra a falta de condições no Sistema Nacional de Educação (SNE). Com efeito, numa das descrições à imagem, pode se ler o seguinte: “Eles (Nota do Editor: em referência às crianças sentadas ao chão) não têm idade para votar, por favor vote por elesʼʼ. 

Aliás, já antes das eleições, a mesma imagem havia sido publicada, no dia 29 de Maio de 2022, no Facebook, com a referência “A educação em Moçambique”, seguida por comentários como “é triste este cenário onde está o nosso governo da Frelimo. Só querem nossos votos”; “a Frelimo é que fez, a Frelimo é que faz”; “por favor, socorro para essas crianças. Onde está o nosso governo? A Frelimo é que faz quando quer voto, mas depois deixa tudo, sem fazer nada. Pelo menos olhem para o sofrimento desses inocentes, Meu Deus”; ou “enquanto isso, a nossa madeira sai à porta pequena para o mundo lá fora...”, conforme publicação disponível, pelo menos até à tarde do dia 6 de Outubro de 2023, aqui.

OS FACTOS

Embora a falta de condições no SNE seja real, em Moçambique, onde alunos continuam a estudar em situações deploráveis, sentadas no chão e ao relento, incluindo por baixo de árvores, a imagem em causa não é de Moçambique. Na verdade, ela foi tirada no Quénia e retrata uma enchente numa escola da cidade de Kilifi, em Maio de 2019. Portanto, a actual publicação desta imagem está descontextualizada. Aliás, não é a primeira que ela está a ser publicada de forma deturpada. Já em 2019, havia sido associada, nas redes sociais digitais, à Nigéria, o que foi, na altura, rebatido por várias agências de verificação de factos, como a AFP.

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Agentes PRM

A ALEGAÇÃO

A Polícia da República de Moçambique (PRM) divulgou, oficialmente, na semana passada, um documento estabelecendo medidas sobre a postura virtual do membro da PRM. No entanto, dois meses antes da sua divulgação oficial, o documento em causa já circulava nos media tradicionais e digitais. Foi, pois, em Julho que começou a circular uma informação dando conta de proibição de uso de redes sociais digitais por parte de agentes da PRM. Uma imagem que se tornou viral, mostrando agentes da PRM devidamente uniformizados, é acompanhada pela seguinte legenda: “Proibido Usar: Facebook, Instagram, Tik Tok”. Pelo menos até às 9h desta sexta-feira, 08 de Setembro de 2023, a imagem estava disponível aqui.

OS FACTOS

Entretanto, esta é uma informação apresentada com exagero. Na verdade, os agentes da PRM não estão proibidos de usar Facebook, Instagram, Tik Tok ou qualquer outra rede social digital. A restrição imposta está, sobretudo, relacionada à publicação de imagens e informações meramente policiais ou, quando muito, à exposição desnecessária dos agentes no espaço digital. O que sucedeu é que a PRM introduziu um conjunto de 14 medidas para conter o que considera “uso indevido das redes sociais”.

De acordo com a Nota no 37/CGPRM/DDEP/006/2023, consultada pelo Misa Check, a publicação de imagens e difusão de informações meramente policiais por parte de alguns membros da PRM, alguns deles uniformizados e em poses que indiciam libertinagem, através das plataformas digitais (WhatsApp, Tik Tok e Facebook), pode trazer “efeitos adversos” não apenas ao comportamento e imagem do membro, como, também, à imagem institucional.

Das 14 medidas, abaixo apresentadas, nenhuma se refere à proibição do uso das redes sociais da internet, mas do que um agente da PRM se deve abster no máximo:

  1. Expor-se desnecessariamente, pondo em causa a sua personalidade, idoneidade pessoal e profissional;
  2. Abster-se de postar fotos e vídeos uniformizado, fazendo danças eróticas e ou em poses sexuais;
  3. Postar todos os eventos directos ou indiretcos relacionados à PRM nas redes sociais;
  4. Publicar fotos que mostrem armamento, brasão, fardamento, viaturas ou equipamento de proteção dos polícias;
  5. Divulgar informações operativas;
  6. Presar declarações político-partidárias ou depreciativas a órgãos públicos, autoridades e demais individualidades do Estado;
  7. Publicar e partilhar notícias não confirmadas, muito menos falsas;
  8. Desabafar, atacar familiares, amigos, conhecidos, colegas e personalidades ou individualidades cuja imagem carece de ser salvaguardada;
  9. Publicar ou compartilhar vídeos, áudios, fotografia ou similares que atentem contra a privacidade e a dignidade de pessoas envolvidas, em contextos de autuação da Polícia ou órgãos de administração da justiça.
  10. Usar expressões que podem incitar discórdias, agressões verbais, ou outro tipo de violência;
  11. Compartilhar episódios violentos ou obscenos;
  12. Buscar conhecer mais detalhes das pessoas com quem se relaciona nas redes sociais;
  13. Compartilhar informações de origem duvidosas e preconceituosas;
  14. Compartilhar conteúdos que incitem qualquer tipo de conflito, que podem denigrir a imagem de alguém ou de qualquer instituição.

Portanto, e como se extrai das 14 medidas, a PRM não proibiu a utilização, em si, das redes sociais digitais por parte dos seus membros. Apenas os proibiu de publicarem informações que tenham alguma ligação directa com a corporação, como forma de salvaguarda da imagem institucional, ou conteúdos que configurem exposição desnecessária dos agentes no espaço digital, que podem afectar sua personalidade, idoneidade pessoal e até profissional. Aliás, na sua nota, a PRM apresenta as medidas como “limites na postura virtual” do membro da PRM que, com efeito, é reconhecido como um “usuário das redes sociais”, fixando-se, apenas, a conduta a adoptar “enquanto nos ligamos e desligamos das redes sociais”.

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quinta-feira, 31 agosto 2023 15:06

Putin não esteve no funeral de Prigozhin

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A ALEGAÇÃO

A morte, após a queda de um jacto executivo no Norte de Moscovo, Rússia, no dia 23 de Agosto de 2023, de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo paramilitar Wagner, foi uma das notícias que marcaram a actualidade internacional nos últimos dias. Entretanto, nas redes sociais digitais, circula um vídeo sobre uma alegada cerimónia fúnebre de Prigozhin, com a presença do presidente russo, Vladimir Putin. Considerado o suspeito número um na morte do seu antigo aliado, o presidente russo surge com flores à mão, que deposita junto a uma urna. Depois saúda os que parecem ser familiares do malogrado, antes de se aproximar ao caixão para prestar a última homenagem. À saída do evento, quando parecia ir à viatura protocolar, o presidente russo contraria a sua segurança e protocolo, caminhando solitariamente ao que parece ser o palácio presidencial.

Entre várias descrições ao vídeo em causa, que na parte superior mostra duas fotografias do ex-líder da Wagner, pode ser ler “Putin foi ao velório de Prigozhin e saiu sem segurança. Decidiu ir a pé para o Kremlin” ou “Frio, treinado e atento. Assim está demostrar luto”, ou, ainda, “quantos Chefes de Estado são capazes dessa caminhada solitária, em situação de estado de guerra, tal como é caso da Rússia? Eu sou forçado a tirar o chapéu para o cara”.

 

OS FACTOS

O vídeo em questão é real, mas qualquer ligação com a morte de Yevgeny Prigozhin é resultado de manipulação. Na verdade, o vídeo é de 2013 e retrata a despedida de Vladimir Putin ao seu ex-treinador de judo e amigo de longa data, Anatoly Rakhlin. Na referida cerimónia, que decorreu em St. Petersburg., Putin apresentou condolências à família de Rakhlin e depositou flores no túmulo do seu ex-treinador. Após a cerimónia, caminhou pela Rua Vatutina, sozinho, sem a sua habitual escolta de guarda-costas e imprensa. Como se não bastasse, Vladimir Putin não participou das cerimónias fúnebres de Yevgeny Prigozhin, que foi enterrado à porta-fechada.

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A ALEGAÇÃO

Um vídeo mostrando uma mulher a escalar um autocarro viralizou nas redes sociais da internet, sobretudo no início de Agosto corrente, com várias descrições, todas considerando o episódio como o espelho da crise que se vive no sector de transportes, em Moçambique. Numa conta no Youtube, o vídeo, disponível pelo menos até as 10h:00 desta terça-feira, 22 de Agosto de 2023, é acompanhado pela seguinte legenda: “O transporte público, em Moçambique, é uma tristeza, gente”.

OS FACTOS

Uma verificação efectuada com recurso a ferramentas de fact-checking permitiu concluir que o vídeo em causa é real. Entretanto, está a ser publicado fora do seu contexto original. De facto, embora Moçambique se confronte com crise no sector de transportes, sobretudo nas horas de ponta, quando cidadãos chegam a ser transportados em carrinhas de caixa aberta, vulgos “my love”, o vídeo da mulher a escalar um transporte público não é do nosso país, mas sim da vizinha África do Sul.

Trata-se de um vídeo que retrata um caos que recentemente se instalou, na cidade de Cape Town, quando taxistas decidiram paralisar actividades em protesto contra uma nova lei de trânsito, que prevê que o motorista que for encontrado a dirigir um veículo com irregularidades terá de pagar uma multa e ainda terá o veículo apreendido. Ao iniciar a greve no dia 3 de Agosto de 2023, o Conselho Nacional de Táxis da África do Sul (Santaco, na sigla em inglês), responsável por uma parcela significativa dos serviços de transporte neste país vizinho, alegou efeitos negativos do que chamou de “operações frívolas de represamento” para destruir a indústria de táxi.

Com as actividades paralisadas, instalou-se uma autêntica “guerra pelo transporte” em Cape Town, com centenas de passageiros a ficarem nas paragens e terminais por longos períodos de tempo. 

Assim, o vídeo da senhora a escalar um autocarro por uma janela, enquanto é ajudada por um outro passageiro que está no interior da viatura, que acaba por apalpar as partes íntimas da mulher, enquanto uma multidão ovaciona, do lado de fora, é apenas um extracto de vários episódios em que cidadãos foram obrigados a subir pelas janelas de autocarros ou a percorrerem longas distâncias a pé para chegar à casa ou outros destinos, na sequência da paralisação de actividades pelo sector de táxi.

Portanto, qualquer tentativa de ligação deste vídeo com Moçambique não passa de um exercício de manipulação do real contexto em que os acontecimentos ocorreram.

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Viaturas de liuxo em tempos de crise 2

A ALEGAÇÃO

Circulam, no WhatsApp, desde esta quarta-feira, 16 de Agosto, imagens sobre uma alegada aquisição, pelo Governo moçambicano, de viaturas de luxo em tempos de crise. Nas imagens, capturadas do espaço informativo “Jornal da Noite” da Soico Televisão (STV), pode se ler o seguinte: “Luxo em tempo de crise. Governo compra 45 viaturas avaliadas em cerca de 120 milhões de meticais”.

O conteúdo das imagens está a ser associado à actual crise salarial que se vive na função pública. É assim que, numa das legendas, pode se ler o seguinte: “Resultado dos atrasos salariais, estavam a comprar viaturas, para dirigir a nossa linda nação. Não se preocupem, próximo mês voltaremos ao normal, salários dia, produtos da primeira necessidade a dispararem. Moçambique é uma linda pátria, sabe”.

Numa outra legenda, aparentemente de um funcionário público, uma das imagens é acompanhada pela seguinte legenda: “ainda sofrendo com TSU [Tabela Salarial Única], nossos salários diminuídos, gente que esta há 3 meses sem salários, outros há um ano, escolas precisando de reabilitação e mais salas de aula... Mas enfim”.

Viaturas de luxo em tempos de crise

 

OS FACTOS

As imagens e o conteúdo em causa são reais, mas não têm a ver com a actual crise salarial que se vive na função pública. De facto, são capturas de tela de um noticiário da STV de Outubro de 2017, aquando de um polémico anúncio sobre a aquisição, pelo Governo, de 45 viaturas luxo, com preços a variarem de 1.350.000,00 a pouco mais 11 milhões de meticais por unidade, contrariando o compromisso com a racionalização da despesa pública e priorização de afectação de recursos para sectores económicos e sociais.

Mais ainda, a Tabela Salarial Única só começou a ser implementada em 2022, isto é, cinco anos depois de 2017, ano da notícia sobre a aquisição das viaturas de luxo.  

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A ALEGAÇÃO

Desde o passado final de semana que circula, nas redes sociais digitais, um vídeo que é associado a um alegado julgamento de Manuel Chang, nos Estados Unidos da América (EUA), para onde o antigo ministro das Finanças de Moçambique foi, recentemente, extraditado pela África do Sul, no âmbito de acusações relacionadas ao caso das chamadas “dívidas ocultas”.

No vídeo de mais de 8 minutos, que circula em vários grupos de WhatsApp, Edson Cortez, director do Centro de Integridade Pública (CIP) entrevista Borges Nhamirre, jornalista e pesquisador desta organização da sociedade civil, este último encontrando-se, no momento da gravação do vídeo, nos EUA. Num dos grupos de WhatsApp, esta segunda-feira, 14 de Agosto, o vídeo é acompanhado pela seguinte legenda: “Rescaldo do penúltimo dia do julgamento do Manuel Chang nos Estados unidos, há surpresas”.

OS FACTOS

O vídeo em causa é real, mas está a ser partilhado fora do respectivo contexto. De facto, o vídeo foi gravado nos EUA e é referente a um julgamento relacionado às “dívidas ocultas”, um escândalo financeiro avaliado em mais de USD 2 mil milhões. No entanto, o vídeo não é recente e nem retrata julgamento de Manuel Chang. Gravado em 2019, o vídeo faz o rescaldo, isso sim, do julgamento de Jean Boustani, um cidadão libanês que era acusado pela Procuradoria Federal dos EUA de conspirações para cometer fraude de transferências, fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro, no âmbito do projecto que culminou com as "dívidas ocultas”, em Moçambique.

Na altura, Borges Nhamirre encontrava-se, de facto, nos EUA, a acompanhar o julgamento de Jean Boustani. O vídeo foi, pois, originalmente publicado no dia 21 de Novembro de 2019, no YouTube do CIP. Mais ainda, o julgamento de Manuel Chang, nos EUA, ainda não arrancou, podendo começar só em Janeiro de 2024.

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A ALEGAÇÃO

Há mais de um mês que circula, nas redes sociais da internet, um vídeo (veja-o no fim desta publicação) mostrando o presidente do Município de Inhambane, Benedito Guimino, junto a médicos tradicionais, vulgo “curandeiros”, alegadamente a tentar “a última cartada”. O vídeo, no qual um “curandeiro” manuseia objectos da sua actividade, sugere que Benedito Guimino recorreu à medicina tradicional para garantir a renovação de mandato como edil da cidade de Inhambane, na sequência das eleições autárquicas deste ano.

Um internauta chega a questionar “como vai prosperar um país governador por demónios”, numa publicação que, até as 7:30h desta sexta-feira, 11 de Agosto, estava disponível aqui.

 

OS FACTOS

O vídeo e os factos que ele demonstra são autênticos. Mas sua publicação está a ser feita num contexto manipulado. Na verdade, o vídeo foi produzido durante a campanha eleitoral para as autárquicas de 2018. Foi durante uma visita do então candidato à sede da Associação dos Médicos Tradicionais (AMETRAMO), ao nível da cidade de Inhambane. Portanto, ao invés da alegada “tentativa de última cartada” para as eleições de 2023, o vídeo retrata mais um dia de campanha eleitoral, em 2018, tal como demonstram as vestimentas e os cartazes do partido Frelimo, que são típicos em períodos de campanhas.

O presidente da AMETRAMO, na cidade de Inhambane, Pedro Banguela Guila, presente no vídeo em causa, explicou, ao Misa Check, que o acto descrito no vídeo foi da iniciativa dos próprios médicos tradicionais que, quando o edil foi pedir votos na AMATRAMO, decidiram fazer “consulta” sobre as possibilidades de o candidato vencer as eleições e a sua saúde para dirigir o Município.

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