A ALEGAÇÃO
Desde início de Novembro corrente que diversas contas e páginas de redes sociais digitais dão conta de uma alegada presença de tropas ruandesas em Maputo, supostamente envolvidas em operações para controlar as manifestações que se seguiram às eleições, conforme se pode constatar, a título de exemplo, aqui.
OS FACTOS
Entretanto, esta alegação foi desmentida tanto pelo Governo ruandês, através da sua porta-voz, Yolande Makolo, como tambem pelo Governo moçambicano, através do presidente da República, Filipe Nyusi, como pelo ministro da Defesa, Cristóvão Chume. A União Europeia também negou estar a apoiar operações ruandesas contra manifestantes, em Maputo. Este texto não desmente a presença de tropas ruandesas, em Maputo, mas assume, categoricamente que, pelo menos até à hora da sua publicação, não há evidências sobre esta alegação. Entre os militares que estiveram nas ruas, nos dias das manifestações, não se constaram ruandeses, em Maputo, incluindo pelos media.
A ALEGAÇÃO
Circula, desde a semana passada, nas redes sociais digitais, um vídeo de aproximadamente 17 segundos, no qual o antigo primeiro secretário da Frelimo, na província da Zambézia, Paulino Lenço, afirma que "a Frelimo não teve nenhum adversário; a Renamo, MDM (...) não foram os nossos adversários. Vocês todos viram que os resultados foram fabricados no gabinete". O vídeo está a ser amplamente compartilhado como uma confissão da fraude eleitoral que terá favorecido a Frelimo e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, nas eleições gerais deste ano.
OS FACTOS
Apesar de o vídeo ser autêntico, o seu contexto foi distorcido, levando a uma interpretação incorreta da mensagem transmitida. Na verdade, o vídeo em causa é um trecho de uma reportagem de aproximadamente 2 minutos e 29 segundos, exibida no programa "Fala Moçambique", do canal televisivo Miramar, e publicada no dia 20 de Fevereiro deste ano, no canal de YouTube desta Tv. De facto, os depoimentos em causa, feitos na terceira sessão ordinária da Frelimo na Zambézia, dizem respeito ao balanço das eleições autárquicas de 2023, e não às eleições gerais deste ano, que ainda não tinham sido realizadas. Aliás, na reportagem original, Paulino Lenço, que na altura ainda era primeiro secretário da Frelimo, na Zambézia, dizia exactamente o oposto da interpretação que está a ser atribuída agora às suas falas.
O que Lenço dizia, na altura, era que a Frelimo ganhou nas sete autarquias da Zambézia, pelo que a vitória da Renamo nos municípios de Quelimane e Alto Molócue "foi fabricada”. Por outras palavras, numa clara alusão à decisão final do Conselho Constitucional, o então primeiro secretário provincial da Frelimo, na Zambézia, colocava em causa a vitória da Renamo nas autarquias de Quelimane e Alto Molócue, conforme decidido, no ano passado, pelo Conselho Constitucional.