A ALEGAÇÃO
Desde o dia 27 de Novembro em curso que circula, nas redes sociais virtuais, particularmente no Facebook, uma alegação segundo a qual os Estados Unidos da América (EUA) ameaçaram efectuar uma intervenção militar, em Moçambique, caso a Frelimo não abandone o poder e promova uma transição democrática imediata. De acordo com a alegação, os EUA teriam declarado que, após meses de tensão entre Washington e Maputo, agravados por denúncias de corrupção sistêmica, violações de direitos humanos e supostas fraudes eleitorais, medidas drásticas seriam tomadas.
Cita-se uma conferência de imprensa na qual a Casa Branca teria dito que "o povo de Moçambique merece viver sob um governo democrático e transparente”, pelo que “se a Frelimo continuar a abusar da sua posição de poder e rejeitar os apelos internacionais por mudanças, os Estados Unidos não hesitarão em tomar medidas drásticas para restaurar a democracia". A publicação alega, ainda, que a declaração gerou reações globais, com apoio de alguns líderes internacionais e críticas de outros, enquanto a China e a Rússia anunciaram contra qualquer interferência militar estrangeira na região, elevando a pressão geopolítica. Além disso, supostamente o governo moçambicano teria respondido à ameaça, afirmando que "não se curvará à pressão imperialista" e que estaria preparado para defender a soberania do país. Segundo os mesmos relatos, analistas internacionais teriam alertado para o risco de um conflito armado na África Austral, conforme se pode ver aqui e aqui.
OS FACTOS
No entanto, estas alegações são completamente falsas. Até ao momento da publicação deste artigo, os EUA não emitiram qualquer declaração pública ameaçando intervir, militarmente, em Moçambique ou declarando guerra contra a Frelimo. O MisaCheck verificou o site oficial do sector de imprensa da Casa Branca, onde todos os comunicados e pronunciamentos oficiais são publicados. Nele, não há nenhum registo de declarações recentes sobre Moçambique ou sobre a Frelimo, como se pode confirmar aqui. Esta unidade de verificação de factos também consultou diversos órgãos de comunicação social nacionais e internacionais. Tanto dentro como fora de Moçambique, não há nenhum media credível que tenha noticiado sobre este assunto que, sendo verdade, teria sido, inevitavelmente, uma matéria de destaque na comunicação social.
A ALEGAÇÃO
Circula, no espaço digital, desde a tarde de ontem, 27 de Novembro, uma imagem alegadamente representando uma captura de tela do Jornal da Tarde da Televisão de Moçambique (TVM). A imagem apresenta um fundo semelhante ao da TVM e, nela, está uma apresentadora dos serviços noticiosos da estação pública de televisão. No Gerenciador de Caracteres (GC), lê-se que "População viola lei: BTR sem Motorista atropela um cidadão em Maputo", numa clara referência a um dos casos que marcou as manifestações de ontem, nomeadamente o atropelamento de uma cidadã, por uma viatura militar, no centro da cidade de Maputo. A imagem, que viralizou nas redes sociais digitais, tem sido apresentada como um caso paradigmático da parcialidade da TVM, emissora conhecida pela propaganda a favor do Governo.
OS FACTOS
Entretanto, a alegada captura de tela é completamente falsa, não reflectindo, de forma alguma, o Jornal da Tarde de ontem. Para começar, no Jornal da Tarde da TVM de 27 de Novembro, não foi noticiado o atropelamento pela viatura militar, conforme se pode confirmar aqui. Além disso, o traje da apresentadora do Jornal da Tarde de quarta-feira é diferente do que ela traz na falsa imagem. Como se não bastasse, no Jornal da tarde em causa, não havia tradutora de línguas de sinais, contrariamente ao que se vê na imagem fabricada. Mais ainda, os textos dos GC da TVM são feitos a letras maiúsculas, diferentemente da alegação, que contém maiúsculas apenas nas iniciais. O MisaCheck entende que os autores desta desinformação apenas se basearam numa edição anterior do Jornal da Tarde para gerar uma imagem que se confundisse com o serviço noticioso de ontem.
A ALEGAÇÃO
Circula, nas redes sociais da internet, um vídeo de aproximadamente 31 segundos, referente ao encontro do dia 26 de Novembro em curso, entre o presidente da República, Filipe Nyusi, e três dos quatro candidatos presidenciais das eleições deste ano. O vídeo está a ser partilhado com uma alegação, em texto, indicando que Nyusi teria dito que Venâncio Mondlane foi candidato presidencial pelo partido Renamo. Além disso, a alegação indica que, ao tentar mencionar o nome completo de Venâncio Mondlane, o presidente teria se referido aos nomes "Elvino e Paulo". Sobre este último aspecto, a interpretação dada é de um Filipe Nyusi assombrado pelos “espíritos” de Elvino Dias e Paulo Guambe, numa clara associação do presidente ao bárbaro assassinato destes destacados apoiantes de Venâncio Mondlane.
OS FACTOS
O MisaCheck, ao verificar o vídeo, constatou que essas alegações não reflectem os factos. Para começar, o presidente não disse que Venâncio Mondlane foi candidato da Renamo. Nyusi estava a responder ao candidato da Renamo, Ossufo Momade, sobre a ausência de Venâncio Mondlane no encontro, quando afirmou que “talvez só dizer ao presidente da Renamo, o candidato Venâncio (…) não foi expulso de Moçambique”. No entendimento do MisaCheck, a confusão surge do facto de que, logo depois de se ter referido ao “presidente da Renamo” (que é Ossufo Momade), Nyusi mencionou, em seguida, “o candidato Venâncio”, o que foi interpretado como sendo único sujeito, quando são dois separados.
Sobre os nomes, sim, Filipe Nyusi errou quando tentava pronunciar o nome do candidado presidencial apoiado pelo Podemos. No entanto, em nenhum momento ele mencionou o nome “Elvino”. O nome pronunciado pelo presidente foi “Albino”. De facto, ao invés de Venâncio António Bila Mondlane, nome completo do candidato do Podemos, Nyusi disse “Venâncio António Albino Paulo”, numa clara confusão entre “Albino” e “Bila”. Aliás, ao se aperceber do erro, o presidente tratou, imediatamente, de corrigir para “Albino” por “Bila”. Mesmo assim, Filipe Nyusi, errou o nome do candidato presidencial do Podemos, ao continuar a referir-se a “Paulo”, que não faz parte do nome de Venâncio Mondlane, conforme se pode ver aqui.
ALEGAÇÃO
Circula, desde ontem, nas redes sociais digitais, um vídeo mostrando o recém-eleito presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, alegadamente a reconhecer a vitória de Venâncio Mondlane e a derrota da Frelimo nas eleições de 9 de Outubro, em Moçambique. No referido vídeo, vê-se Trump alegadamente a afirmar que “(...) moçambicanos estão a enviar mensagens no meu Twitter, pedindo apoio. A comunidade internacional sabe que a Frelimo perdeu as eleições e Venâncio é o legitimo vencedor. Se quiserem governar à força, iremos cortar o nosso financiamento ao Governo (moçambicano)”, conforme se pode ver aqui.
OS FACTOS
No entanto, esta alegação não é verdadeira, resultando de uma pura manipulação. A verificação feita pelo MisaCheck constatou que o vídeo em questão foi extraído de uma entrevista concedida por Donald Trump à Bloomberg News durante o The Economic Club of Chicago, no dia 15 de Outubro de 2024, nos EUA. Durante essa entrevista, Trump discutiu, exclusivamente, temas relacionados à economia dos Estados Unidos, incluindo tarifas, comércio, política monetária, dívida, relações com a China, Vladimir Putin, Google e imigração, como se pode ver aqui. Em nenhum momento, Trump mencionou Moçambique, Venâncio Mondlane ou a Frelimo. Além disso, esta entrevista ocorreu a 15 de Outubro, antes sequer de Donald Trump ser eleito próximo presidente dos EUA, o que só viria a acontecer a 5 de Novembro. Mais ainda, nesta data, ainda não se conheciam os resultados das eleições moçambicanas, que só foram divulgados no dia 24 de Outubro, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
A ALEGAÇÃO
Circula, desde ontem, nas redes sociais digitais, uma alegação segundo a qual o Conselho Constitucional (CC) anunciará, esta segunda-feira, 25 de Novembro de 2024, os resultados definitivos das eleições gerais deste ano. Segundo a alegação, a proclamação dos resultados ocorrerá entre 13h e 15h de hoje. A informação tem sido acompanhada de mensagens com apelos para que os moçambicanos fiquem atentos, com a justificação de que tal anúncio ditará "o destino do país". Além disso, as mensagens que acompanham chegam a sugerir possíveis acções de violência caso os resultados não atendam às expectativas de determinados grupos, como se pode ler aqui.
OS FACTOS
Entretanto, não é verdade que o CC irá anunciar, hoje, os resultados eleitorais. Além de o CC não ter feito nenhum anúncio público de género, uma fonte do órgão garantiu, há poucos, ao Misa Check, que tal informação não constitui verdade. O CC encontra-se, ainda, a trabalhar sobre o dossier das eleições, não havendo, ainda, uma data definida para o anúncio dos resultados.
A ALEGAÇÃO
Esta a viralizar, nas redes sociais da Internet, informações dando conta de que a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, estaria em Bruxelas, Bélgica, para negociar a permanência da Frelimo no poder. As publicações sugerem que essas negociações incluiriam concessões envolvendo gás natural e petróleo em troca de apoio político por parte da União Europeia (UE). Além disso, incentivam uma mobilização popular contra a suposta negociação, apelando para o envio de mensagens em massa às embaixadas de países como Portugal, França e Itália, bem como a líderes internacionais como Donald Trump, como se pode ver aqui e aqui.
OS FACTOS
Entretanto, não há evidências que sustentem estas alegações. Para começar, não há evidências de que Verónica Macamo esteja ou tenha estado, recentemente, na Europa. Contactada pelo Misa Check, a assessoria de imprensa da ministra respondeu que Verónica Macamo está em Moçambique e não esteve fora do país nas duas últimas semanas. Uma verificação efectuada pelos principais órgãos de comunicação do país também mostra que não há qualquer referência da presença de Veronica Macamo em Bruxelas, muito menos sobre qualquer tipo de negociações relacionadas à permanência da Frelimo no poder.
A ALEGAÇÃO
Está a circular, nas redes sociais digitais, uma fotografia do treinador da selecção de futebol do Mali, Eric Chelle, supostamente depois de inalar gás lacrimogéneo, em Moçambique. O contexto por detrás da publicação é de que o treinador terá sido vítima de uso de gás lacrimogéneo, pela Polícia moçambicana (em repressão a manifestações pós-eleitorais), à margem do jogo desta sexta-feira, com a selecção moçambicana de futebol, os Mambas, no Estádio Nacional do Zimpeto (ENZ), em Maputo.
OS FACTOS
Entretanto, esta é uma alegação completamente falsa. Para começar, o jogo entre as selecções moçambicanas e maliana ainda não iniciou, devendo iniciar apenas às 18h de Maputo. Em segundo lugar, a fotografia em causa não foi tirada no ENZ nem em Moçambique, como alegado. Uma verificação feita pelo Misacheck constatou que a fotografia em questão é, na verdade, uma captura de tela de um vídeo que foi tirado no contexto da Copa Africana de Nações (CAN) 2023, depois de a selecção de futebol do Mali ter perdido para a selecção da Costa do Marfim, como se pode ver no trecho do vídeo disponível aqui.
A ALEGAÇÃO
Nas últimas horas, têm circulado nas redes sociais várias alegações alarmantes e sem fundamento que ameaçam a vida da Presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro. De acordo com essas alegações, Lúcia Ribeiro estaria supostamente a ser alvo de uma operação para ser “abatida” nas próximas 24 horas, como represália por uma suposta tentativa de "abandono do barco". As mensagens sugerem que ela teria apenas duas opções: recontar os votos das eleições presidenciais de 9 de outubro de 2024 ou anular os resultados, como se pode ver no link disponível aqui.
Posicionamento do MisaCheck
O MisaCheck, enquanto entidade dedicada à promoção da informação verificada e ao combate à desinformação, condena veementemente esta campanha de desinformação e o discurso de ódio que as acompanha. A disseminação de informações infundados que promovem ameaças de violência não só é irresponsável, como também constitui um grave atentado ao estado de direito. Reiteramos que, até ao momento, não existem evidências que suportem as alegações contra a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro. Apelamos aos cidadãos para que sejam vigilantes e criteriosos ao consumir e partilhar informações nas redes sociais. Espalhar desinformação não só compromete a paz e a coesão social, mas também alimenta a instabilidade política num momento crítico para o país.
A ALEGAÇÃO
Circula, em grupos de WhatsApp, uma imagem de uma alegada capa do jornal The New York Times, com o título "The Assassins of a Nation Called Mozambique" (Os Assassinos de uma Nação Chamada Moçambique”. A publicação, com a data de 8 de Novembro de 2024, apresenta fotografias do candidato presidencial, Venâncio Mondlane, e dos activistas Adriano Nuvunga e Quitéria Guirengane. A mesma imagem já esta a ganhar repercussão no Facebook como se pode ver aqui.
OS FACTOS
Entretanto, esta informação é completamente falsa. O layout da capa do The New York Times foi claramente manipulado para inserir conteúdos sobre Moçambique, no lugar da informação original que é sobre a política americana. De facto, a edição do dia 8 de Novembro de 2024, do The New York Times, trazia como manchete principal "President-Elect Spun His Own Grievances Into Political Gold" (o Presidente eleito – no caso Donald Trump, dos Estados Unidos da América - transformou as suas próprias queixas em ouro político”, como se pode ver aqui.
A ALEGAÇÃO
Estão a viralizar, nas redes sociais digitais, informações alegando incendio sobre duas casas. A primeira, supostamente localizada na província de Inhambane, é, alegadamente, pertencente à presidente do Conselho Constitucional (CC), Lúcia Ribeiro, conforme se pode ver aqui. A outra é, alegadamente, pertencente a um comentarista da Televisão de Moçambique (TVM), cujo nome não foi revelado. Esta segunda alegação indica que o incendio terá ocorrido em suposta retaliação ao facto de o comentador ter, alegadamente, chamado jovens moçambicanos de "tolos". Esta alegação pode ser vista aqui.
OS FACTOS
Entretanto, as duas alegações não são credíveis. Para começar, os sites nos quais foram divulgados são parte de publicações duvidosas que se destacam na difusão de desinformação. Segundo, a imagem usada para sustentar as duas alegações, que mostra uma casa em chamas, com uma densa nuvem de fumaça preta, é exactamente a mesma, o que, por si só, confirma a falsidade de um dos casos (ou a casa é da presidente do CC ou do comentador da TVM). Terceiro, não há registo de que Lúcia Ribeiro se tenha pronunciado sobre um incêndio em sua residência, conforme alegado numa das publicações. Quarto, a Polícia, em Inhambane, também não encontrou evidências que comprovem a veracidade da alegação do incêndio sobre uma casa da presidente do CC. Quinto, embora um comentaria da TVM, Dércio Alfazema, venha se queixando de ameaças, conforme se pode ver aqui, não há registo factual de que sua casa tenha sido incendiada.