A ALEGAÇÃO
Está a circular, nas redes sociais digitais, uma fotografia do treinador da selecção de futebol do Mali, Eric Chelle, supostamente depois de inalar gás lacrimogéneo, em Moçambique. O contexto por detrás da publicação é de que o treinador terá sido vítima de uso de gás lacrimogéneo, pela Polícia moçambicana (em repressão a manifestações pós-eleitorais), à margem do jogo desta sexta-feira, com a selecção moçambicana de futebol, os Mambas, no Estádio Nacional do Zimpeto (ENZ), em Maputo.
OS FACTOS
Entretanto, esta é uma alegação completamente falsa. Para começar, o jogo entre as selecções moçambicanas e maliana ainda não iniciou, devendo iniciar apenas às 18h de Maputo. Em segundo lugar, a fotografia em causa não foi tirada no ENZ nem em Moçambique, como alegado. Uma verificação feita pelo Misacheck constatou que a fotografia em questão é, na verdade, uma captura de tela de um vídeo que foi tirado no contexto da Copa Africana de Nações (CAN) 2023, depois de a selecção de futebol do Mali ter perdido para a selecção da Costa do Marfim, como se pode ver no trecho do vídeo disponível aqui.
A ALEGAÇÃO
Nas últimas horas, têm circulado nas redes sociais várias alegações alarmantes e sem fundamento que ameaçam a vida da Presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro. De acordo com essas alegações, Lúcia Ribeiro estaria supostamente a ser alvo de uma operação para ser “abatida” nas próximas 24 horas, como represália por uma suposta tentativa de "abandono do barco". As mensagens sugerem que ela teria apenas duas opções: recontar os votos das eleições presidenciais de 9 de outubro de 2024 ou anular os resultados, como se pode ver no link disponível aqui.
Posicionamento do MisaCheck
O MisaCheck, enquanto entidade dedicada à promoção da informação verificada e ao combate à desinformação, condena veementemente esta campanha de desinformação e o discurso de ódio que as acompanha. A disseminação de informações infundados que promovem ameaças de violência não só é irresponsável, como também constitui um grave atentado ao estado de direito. Reiteramos que, até ao momento, não existem evidências que suportem as alegações contra a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro. Apelamos aos cidadãos para que sejam vigilantes e criteriosos ao consumir e partilhar informações nas redes sociais. Espalhar desinformação não só compromete a paz e a coesão social, mas também alimenta a instabilidade política num momento crítico para o país.
A ALEGAÇÃO
Circula, em grupos de WhatsApp, uma imagem de uma alegada capa do jornal The New York Times, com o título "The Assassins of a Nation Called Mozambique" (Os Assassinos de uma Nação Chamada Moçambique”. A publicação, com a data de 8 de Novembro de 2024, apresenta fotografias do candidato presidencial, Venâncio Mondlane, e dos activistas Adriano Nuvunga e Quitéria Guirengane. A mesma imagem já esta a ganhar repercussão no Facebook como se pode ver aqui.
OS FACTOS
Entretanto, esta informação é completamente falsa. O layout da capa do The New York Times foi claramente manipulado para inserir conteúdos sobre Moçambique, no lugar da informação original que é sobre a política americana. De facto, a edição do dia 8 de Novembro de 2024, do The New York Times, trazia como manchete principal "President-Elect Spun His Own Grievances Into Political Gold" (o Presidente eleito – no caso Donald Trump, dos Estados Unidos da América - transformou as suas próprias queixas em ouro político”, como se pode ver aqui.
A ALEGAÇÃO
Estão a viralizar, nas redes sociais digitais, informações alegando incendio sobre duas casas. A primeira, supostamente localizada na província de Inhambane, é, alegadamente, pertencente à presidente do Conselho Constitucional (CC), Lúcia Ribeiro, conforme se pode ver aqui. A outra é, alegadamente, pertencente a um comentarista da Televisão de Moçambique (TVM), cujo nome não foi revelado. Esta segunda alegação indica que o incendio terá ocorrido em suposta retaliação ao facto de o comentador ter, alegadamente, chamado jovens moçambicanos de "tolos". Esta alegação pode ser vista aqui.
OS FACTOS
Entretanto, as duas alegações não são credíveis. Para começar, os sites nos quais foram divulgados são parte de publicações duvidosas que se destacam na difusão de desinformação. Segundo, a imagem usada para sustentar as duas alegações, que mostra uma casa em chamas, com uma densa nuvem de fumaça preta, é exactamente a mesma, o que, por si só, confirma a falsidade de um dos casos (ou a casa é da presidente do CC ou do comentador da TVM). Terceiro, não há registo de que Lúcia Ribeiro se tenha pronunciado sobre um incêndio em sua residência, conforme alegado numa das publicações. Quarto, a Polícia, em Inhambane, também não encontrou evidências que comprovem a veracidade da alegação do incêndio sobre uma casa da presidente do CC. Quinto, embora um comentaria da TVM, Dércio Alfazema, venha se queixando de ameaças, conforme se pode ver aqui, não há registo factual de que sua casa tenha sido incendiada.
A ALEGAÇÃO
Desde início de Novembro corrente que diversas contas e páginas de redes sociais digitais dão conta de uma alegada presença de tropas ruandesas em Maputo, supostamente envolvidas em operações para controlar as manifestações que se seguiram às eleições, conforme se pode constatar, a título de exemplo, aqui.
OS FACTOS
Entretanto, esta alegação foi desmentida tanto pelo Governo ruandês, através da sua porta-voz, Yolande Makolo, como tambem pelo Governo moçambicano, através do presidente da República, Filipe Nyusi, como pelo ministro da Defesa, Cristóvão Chume. A União Europeia também negou estar a apoiar operações ruandesas contra manifestantes, em Maputo. Este texto não desmente a presença de tropas ruandesas, em Maputo, mas assume, categoricamente que, pelo menos até à hora da sua publicação, não há evidências sobre esta alegação. Entre os militares que estiveram nas ruas, nos dias das manifestações, não se constaram ruandeses, em Maputo, incluindo pelos media.
A ALEGAÇÃO
Circula, desde a semana passada, nas redes sociais digitais, um vídeo de aproximadamente 17 segundos, no qual o antigo primeiro secretário da Frelimo, na província da Zambézia, Paulino Lenço, afirma que "a Frelimo não teve nenhum adversário; a Renamo, MDM (...) não foram os nossos adversários. Vocês todos viram que os resultados foram fabricados no gabinete". O vídeo está a ser amplamente compartilhado como uma confissão da fraude eleitoral que terá favorecido a Frelimo e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, nas eleições gerais deste ano.
OS FACTOS
Apesar de o vídeo ser autêntico, o seu contexto foi distorcido, levando a uma interpretação incorreta da mensagem transmitida. Na verdade, o vídeo em causa é um trecho de uma reportagem de aproximadamente 2 minutos e 29 segundos, exibida no programa "Fala Moçambique", do canal televisivo Miramar, e publicada no dia 20 de Fevereiro deste ano, no canal de YouTube desta Tv. De facto, os depoimentos em causa, feitos na terceira sessão ordinária da Frelimo na Zambézia, dizem respeito ao balanço das eleições autárquicas de 2023, e não às eleições gerais deste ano, que ainda não tinham sido realizadas. Aliás, na reportagem original, Paulino Lenço, que na altura ainda era primeiro secretário da Frelimo, na Zambézia, dizia exactamente o oposto da interpretação que está a ser atribuída agora às suas falas.
O que Lenço dizia, na altura, era que a Frelimo ganhou nas sete autarquias da Zambézia, pelo que a vitória da Renamo nos municípios de Quelimane e Alto Molócue "foi fabricada”. Por outras palavras, numa clara alusão à decisão final do Conselho Constitucional, o então primeiro secretário provincial da Frelimo, na Zambézia, colocava em causa a vitória da Renamo nas autarquias de Quelimane e Alto Molócue, conforme decidido, no ano passado, pelo Conselho Constitucional.