A ALEGAÇÃO
Nos últimos dias, tem circulado, em grupos de WhatsApp, uma informação sobre um suposto processo de recrutamento para um Censo 2025 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A mensagem afirma que a instituição está a recrutar candidatos para o Recenseamento Geral da População e Habitação e incentiva os interessados a submeterem suas candidaturas através de um link anexo, como se pode ver na imagem acima.
OS FACTOS
Entretanto, esta informação é completamente falsa. Não há nenhum recrutamento em curso, no INE, muito menos há realização de Censo, este ano. O director Nacional de Censos e Inquéritos, no INE, Alexandre Marrute, confirmou, esta manhã, ao MisCheck, a falsidade desta informação. “Lamentavelmente, não passa de uma desinformação tendente a burlar os cidadãos”, disse. Aliás, o próprio INE já alertou sobre o falso anúncio de recrutamento, como se pode ver abaixo.
Como se não bastasse, Moçambique realiza Censos de 10 em 10 anos. Tendo o último ocorrido em 2017, o próximo só deverá acontecer em 2027. Neste momento, disse-nos o director Nacional de Censos e Inquéritos, no INE, apenas decorrem as actividades preparatórias para o Censo que irá decorrer daqui a dois anos, não incluindo, esta fase, qualquer tipo de recrutamento.
Por isso, o MisaCheck toma esta oportunidade para alertar aos cidadãos para não caírem nesta e noutras falsas informações sobre vagas de emprego. Os cidadãos são chamados a ter, sempre, atenção com anúncios deste género, verificando as páginas usadas para a sua difusão, que na sua maioria, são de credibilidade duvidosa. A título de exemplo, o link fornecido para as candidaturas às supostas vagas do INE não corresponde ao endereço institucional do INE, como se pode ver aqui. Mais ainda, no âmbito da verificação dos factos, o MisaCheck realizou um teste de preenchimento dos campos do formulário, tendo constatado que, ao final do processo, os candidatos são instruídos a seguir passos inusitados para concluir sua inscrição. Entre as exigências, os usuários devem compartilhar o link com cinco grupos ou quinze amigos, no WhatsApp, antes de serem redirecionados para a etapa final. Esse tipo de exigência não faz parte de processos selectivos institucionais, sendo típico de burladores.
Igualmente, o MisaCheck apela aos cidadãos para que, em casos deste género, sempre procurem consultar os sites oficiais das instituições mencionadas. No caso em apreço, o INE não divulgou nenhum anúncio oficial sobre recrutamento para o censo de 2025, conforme constatou a nossa verificação. No site oficial do INE, não há, pois, qualquer anúncio recente de vaga, conforme se pode ver aqui. Na página oficial de Facebook do INE, por sua vez, a última publicação foi feita em 19 de Dezembro de 2024 e diz respeito à disponibilização do Anuário Estatístico de 2023.
A ALEGAÇÃO
Circula, nos últimos dias, nas redes sociais digitais, uma alegação segundo a qual o presidente do Burkina Faso, Ibrahim Traoré, teria afirmado que o ex-presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, deveria ser preso por crimes cometidos durante sua governação. Na suposta mensagem, o presidente do Burkina Fasso é citado a tecer críticas contra líderes africanos que utilizam o poder para enriquecer às custas do sofrimento de seus cidadãos, alegadamente citando Filipe Nyusi como um exemplo desse tipo de liderança.
Na ocasião, indica a alegação, o presidente burquinense teria afirmado que Nyusi deveria ser responsabilizado pelos seus actos, encorajando o povo moçambicano a lutar pelos seus direitos, incluindo a justiça e a restauração da democracia, no país. Ainda de acordo com a alegação, o presidente do Burkina Faso teria afirmado que, embora os moçambicanos sejam um povo resiliente, eles precisam demonstrar, ao mundo, a sua intolerância contra a corrupção e a opressão. Enquanto, para alguns, as supostas afirmações de Ibrahim Traoré são um apoio ao crescente descontentamento popular em relação ao governo, o que pode catalisar novas mobilizações, para outros, trata-se de uma “intromissão nos assuntos internos de Moçambique”.
OS FACTOS
Entretanto, uma verificação efectuada pelo Misacheck concluiu que tais alegações são falsas. Aliás, nenhum órgão de comunicação credível publicou uma informação de género. Pela sua seriedade, pronunciamentos desta natureza teriam sido de destaque nos media nacionais e internacionais. Mesmo na página oficial do Governo do Burkina Fasso, não existe qualquer publicação a este respeito. Além disso, o site que publicou, originalmente, a alegação em causa é de credibilidade duvidosa. Mais ainda, as janelas de compartilhamento e comentários do site em causa redirecionam os usuários para sites de apostas, levando a crer que a publicação de informações bombásticas, como os supostos pronunciamentos de Ibrahim Traoré contra Filipe Nyusi, seja apenas uma táctica para atrair usuários para os chamados “jogos de fortuna e azar”. Outra preocupação é de o site ter removido a publicação poucos dias depois.