A ALEGAÇÃO
Com a ausência do presidente da Renamo, na campanha eleitoral em curso, há uma imagem a viralizar nas redes sociais da internet, de um paciente acamado, com a legenda de ser Ossufo Momade hospitalizado. Ao que dectetou o Misa Check, a imagem está a circular a uma velocidade de luz em várias plataformas digitais, particularmente no Facebook e em grupos de WhatsApp, duas das redes sociais digitais mais usadas em Moçambique. Junto à imagem do paciente, que é assistido por uma equipa médica, está colada uma fotografia com o rosto do presidente da Renamo, com a legenda “Ossufo está doente”. No geral, a imagem está a ser usada como a prova de que Ossufo Momade “está gravemente doente” e em uma cama de hospital a ter tratamento médico.
Nas publicações e reacções à imagem, pode se encontrar todo tipo de comentário, incluindo que “as mentiras tem pernas curtas” , desmentido-se a recente resposta pública dada pela Renamo que, perante as informações sobre o estado de saúde do seu presidente, veio informar que Ossumo Momade está bem e que viajou para o estrangeiro a fim de tratar questões do interesse do partido. Os dados sobre o país estrangeiro onde alegadamente Ossufo Momade está hospitalizado são contraditórios. Alguns indicam estar na África do Sul, mas outros dão conta de estar em Portugal.
OS FACTOS
Embora a Renamo tenha desmentido que o seu presidente esteja doente, não se sabe ao certo em que estado de saúde se encontra Ossufo Momade. Entretanto, há um facto irrefutável: a imagem que está a viralizar, nas redes sociais da internet, como a prova de que Ossufo está hospitalizado, não tem a ver com a situação em curso e nem é de Moçambique. Pelo contrário, trata-se de uma fotografia de arquivo feita no Quénia, no dia 17 de Junho de 2021, durante a pandemia da Covid-19. Ao invés de Ossufo Momade, a pessoa acamada é um paciente a ser atendido numa Unidade de Cuidados Intensivos deste país africano. Portanto, mesmo sem se conhecer, com segurança, o estado de saúde do presidente da Renamo, o contexto da publicação, pelo menos da imagem em causa, está completamente deturpado.
A ALEGAÇÃO
Circula, em grupos de WhatsApp, uma imagem de uma alegada capa do jornal The New York Times, com o título "The Assassins of a Nation Called Mozambique" (Os Assassinos de uma Nação Chamada Moçambique”. A publicação, com a data de 8 de Novembro de 2024, apresenta fotografias do candidato presidencial, Venâncio Mondlane, e dos activistas Adriano Nuvunga e Quitéria Guirengane.
OS FACTOS
Entretanto, esta informação é completamente falsa. O layout da capa do The New York Times foi claramente manipulado para inserir conteúdos sobre Moçambique, no lugar da informação original que é sobre a política americana.
De facto, a edição do dia 8 de Novembro de 2024, do The New York Times, trazia como manchete principal "President-Elect Spun His Own Grievances Into Political Gold" (o Presidente eleito – no caso Donald Trump, dos Estados Unidos da América - transformou as suas próprias queixas em ouro político”, como se pode ver na imagem abaixo e disponível aqui.
A ALEGAÇÃO
Uma publicação feita no dia 26 de Julho, numa página do Facebook denominada “Poli News”, anuncia suposta morte do director-executivo do MISA-Moçambique, Ernesto Nhanale. "Dizemos adeus a Ernesto Nhanale. Todo o Moçambique está de luto...", lê-se na legenda sobre uma fotografia do director-executivo do MISA Moçambique. A publicação inclui uma ligação (link) para um site supostamente da Televisão de Moçambique (TVM), com uma informação segundo a qual Ernesto Nhanale foi processado pelo Banco de Moçambique devido a declarações feitas na televisão. O suposto site da TVM inclui uma entrevista supostamente concedida por Ernesto Nhanale ao presidente do MISA, Jeremias Langa.
OS FACTOS
Entretanto, a informação divulgada tanto pela página “Poli News”, como pelo suposto site da TVM, é completamente falsa. O Misacheck, que tem contacto permanente com o director-executivo do MISA, está em condições de assegurar que Ernesto Nhanale está vivo e não foi processado pelo Banco de Moçambique - até porque não tem nenhum caso com o Banco Central. Uma verificação básica, tanto a página como ao site, permite constatar que se trata de fontes duvidosas, usadas para disseminar desinformação falsa.
O suposto site da TVM, por exemplo, não passa de uma invenção. É, na verdade, um site falso, que apenas se apropria da identidade visual do site oficial da estação pública de televisão para enganar o público. Mas o endereço do link é falso. Ao invés de https://www.tvm.co.mz, conforme o site oficial da TVM, o suposto site usado para difundir desinformação usa um link diferente, que pode ser acessado aqui.
Sucede que, ao longo do texto, há um link repetidamente partilhado para leva a uma plataforma de apostas, denominada EthereonEdge, que também tem espalhado informações enganosas, utilizando nomes de figuras públicas para atrair usuários, prometendo-lhes riqueza instantânea.
Aliás, na suposta entrevista concedida a Jeremias Langa, Ernesto Nhanale é citado a referir que o EthereonEdge é a solução certa para quem quer ficar rico rapidamente. Por sua vez, a página “Poli News” tem, desde a sua criação, a 27 de Junho, uma única publicação, exactamente sobre a suposta morte do director executivo do MISA.
A ALEGAÇÃO
O dia acordou agitado, nas redes sociais digitais, esta terça-feira, 19 de Dezembro de 2023, com uma informação dando conta de que o presidente da República, Filipe Nyusi, vai se candidatar para o cargo de presidente da Frelimo e para um terceiro mandato. A informação foi publicada no Facebook, numa página denominada “Eleições Moçambique: 2023-2024”, alegadamente criada com o propósito de “ajudar o povo a reflectir sobre as eleições em Moçambique”. Embora não esclareça a que terceiro mandato se refere, nomeadamente se um terceiro mandato na direcção da Frelimo ou na governação do país, a publicação está a ser apresentada como a consumação de um dos receios que vêm dominando o debate público nacional, nos últimos anos, sobre um pretenso interesse de Filipe Nyusi em se manter no poder, mesmo depois de cumprir, em 2024, os dois mandatos constitucionalmente estabelecidos.
A informação, que causou agitação no Facebook e em alguns grupos de WhatsApp, é acompanhada por um screenshot (captura de tela), que mostra uma edição do Jornal da Tarde da Televisão de Moçambique, no qual aparece o secretário-geral da Frelimo, Roque Silva, com os seguintes dizeres: “Presidência da Frelimo / Secretário-Geral confirma Filipe Nyusi como candidato único”, conforme se podia ler aqui, pelo menos ate as 20h desta terça-feira. Quase à mesma hora da publicação, cerca das 11h:30 minutos da manhã, a mesma página fez mais um post relacionado ao assunto: “confirmada a perpetuação da governação de Filipe Jacinto Nyusi”.
OS FACTOS
Entretanto, esta informação não corresponde à verdade. De facto, Filipe Nyusi não foi, por estes dias, confirmado para presidente da Frelimo e muito menos para um terceiro mandato, seja ele onde for. Aliás, não houve, este ano, muito menos recentemente, qualquer votação para a Presidência da Frelimo. Filipe Nyusi está, ainda, a cumprir o segundo ano do seu segundo mandato, após a sua reeleição a presidente do partido, em Setembro de 2022. Como se não bastasse, a imagem que acompanha a informação da suposta eleição que se pretende fazer crer que acaba de acontecer foi, justamente, extraída de um noticiário do ano passado, quando Filipe Nyusi foi confirmado como candidato único à Presidência da Frelimo, no XII Congresso da Frelimo, na Matola, como se pode ver a partir do minuto 22 e 21 segundos do Jornal da Tarde da TVM do dia 21 de Setembro de 2022.
A ALEGAÇÃO
Desde a tarde deste domingo, 10 de Dezembro, dia de repetição de eleições em quatro Municípios do país, que circula, nas redes sociais digitais, uma informação dando conta de que a Polícia da República de Moçambique (PRM) matou três pessoas e inviabilizou o processo de votação, em Gurúè, na Zambézia. A referida informação, descrita, em vários grupos de WhatsApp, como de “última hora” e em “actualização”, é acompanhada por uma imagem em que cidadãos civis são recolhidos por agentes da Polícia, numa viatura de marca Mahindra, da corporação.
OS FACTOS
Entretanto, a referida informação é completamente falsa. Em Gurúè, não houve mortes nem inviabilização da votação. A imagem que acompanha a alegação não é recente e nem se quer é de Gurúè. Trata-se, isso sim, de uma imagem referente a acontecimentos de 2019, em Quelimane, capital provincial da Zambézia, quando a Polícia deteve cinco pessoas e agrediu manifestantes, durante uma marcha na qual centenas de apoiantes da Renamo, o maior partido da oposição, em Moçambique, foram para as ruas, com dísticos e cânticos, pedir que Manuel de Araújo voltasse ao poder, na sequência de um acórdão do Tribunal Administrativo, que levava à perda do mandato do edil, conforme se pode ler aqui.
Equipas de observação do Consórcio Eleitoral Mais Integridade, de que o MISA Moçambique (organização-mãe do Misa Check) é parte, confirmaram-nos, a partir do terreno, não ser verdadeira a informação sobre a suposta morte de quatro pessoas e inviabilização da votação, em Gurúè. Embora com grande presença policial, sobretudo na EPC Chá Moçambique e na ESG Gurúè, onde os agentes estavam a cerca de 50 metros do local de votação, até às 16 horas deste domingo não havia registo de intervenção policial violenta, neste Município da província central da Zambézia.
A única intervenção de força tinha ocorrido na ESG Gurúè, onde a Polícia teve de disparar tiros na sequência da agressão, por membros do partido ND, de um membro da PRM à paisana, alegadamente porque queria votar sem ser do Gurúè. Minutos antes do fim da votação, as 18h, a Polícia usou disparos para começar a dispersar as pessoas ao redor da EPC Moneia, em Gurúè.
A ALEGAÇÃO
Desde a manhã da última segunda-feira, 20 de Novembro, que um vídeo de um apresentador de televisão a apelar ao consumo de álcool se tornou viral nas redes sociais digitais. No vídeo de 17 segundos, depois de apresentar o estado de tempo, com temperaturas altas um pouco por todo o país, Peter Ndlate, da Televisão Miramar, destaca como a cidade de Tete “estará extremamente quente, com 44 graus centígrados, um calor extremamente abrasador”.
A seguir, o apresentador refere: “recomenda-se, então, o consumo de álcool para poder hidratar o corpo”. Nas redes sociais digitais, particularmente no Whatsapp, o vídeo está a ser usado para suportar apelos para consumo de álcool como forma de fazer face ao calor que se regista nos últimos dias, em Moçambique. Um internatura chega a escrever que “é disso que a gente quer”, assinalando que “não é só toda hora água”.
OS FACTOS
Dadas as implicações do apelo para a saúde pública, o Misa-Check fez a verificação do caso e constatou que o vídeo é autêntico. De facto, o apresentar recomendou ao “consumo de álcool para poder hidratar o corpo”. No entanto, o disse por lapso. Aliás, ao se aperceber do lapso, o apresentador tratou, imediatamente, de corrigir nos seguintes termos: “consumo de água, assim é que é. Tem que se consumir muita água para hidratar o nosso corpo”.
Assim, o vídeo de 17 segundos, que está a ser usado como argumento para apelar ao consumo de álcool face ao calor intenso, é apenas um extracto intecionalmente extraído do programa informativo MZ no Ar, da Televisão Miramar, na sua primeira edição do dia 20 de Novembro corrente, recortado claramente para confundir a opinião pública. O trecho completo, incluindo a correcção tempestiva do apresentador, estava, pelo menos até à manhã desta quarta-feira, 22 de Novembro, disponível aqui, concretamente entre os minutos 11:40 e 12:18.
Nestes dias em que Moçambique regista altas temperaturas, é importante lembrar ao público que o consumo de álcool pode não ser a melhor opção para enfrentar a onda de calor, podendo, pelo contrário, agravar quadros de desidratação.
A ALEGAÇÃO
Desde a manhã de segunda-feira, 16 de Outubro, que circula, nas redes sociais da Internet, uma informação dando conta de uma suposta notificação a Gabriel Júnior, apresentador de televisão e presidente do Conselho de Administração (PCA) da Tv Sucesso, alegadamente em virtude de o meio de comunicação ter feito cobertura imparcial ao processo eleitoral, sobretudo a partir da votação de 11 de Outubro. A alegação baseia-se no trecho de um depoimento feito por Gabriel Júnior, no Programa “Moçambique em Concerto”, do dia 15 de Outubro.
No Programa, o apresentador diz, a dado passo, estar com vontade de falar, mas que não vai falar. "Eu não vou falar. Não vou, não. É melhor não. É melhor não”. diz. E depois prossegue: “eu fui notificado. A Televisão também. Mas não vou falar por que. Vamo-nos fazer presentes na terça-feira. Vamos responder. Vai correr tudo bem porque Deus proverá e Ele estará diante de nós”. A interpretação geral dada às palavras de Gabriel Júnior, particularmente nas redes sociais da Internet, é de que ele e a Tv Sucesso foram notificados em Tribunal em forma de pressão política pelo facto de a televisão ter exposto várias irregularidades que caracterizaram a votação e contagem de votos desde o dia 11 de Outubro.
OS FACTOS
É verdade que a Tv Sucesso e o respectivo PCA foram, recentemente, notificados para uma audição, em Tribunal. Mas, junto à Televisão, o MISA-Moçambique (organização-mãe do Misa Check e que trabalha na promoção e protecção das liberdades de imprensa e de expressão), soube que a notificação em causa, exactamente a que se refere Gabriel Júnior, no “Moçambique em Concerto”, não tinha qualquer ligação com a cobertura jornalítica da televisão ao processo eleitoral 2023.
Pelo contrário, a notificacação, que incluía os repórteres Luciano Valentim e Berta Muiambo, tinha que ver com um caso que é movido pela antiga porta-voz do Serviço Nacional de Migração, Cira Fernandes, contra os dois repórteres desta estação televisiva acima mencionados, indiciados de calúnia e difamação, caso que, até à tarde desta terça-feira, podia ser visto aqui. A audição, que estava agendada para 17 de Outubro, acabou sendo adiada sem nova data.
A ALEGAÇãO
Desde a semana passada que se tornou viral, nas redes sociais digitais, um vídeo no qual um cantor moçambicano, de nome artístico Allan2, alegadamente exalta o partido Renamo, em pleno showmício do partido Frelimo. De acordo com uma legenda feita sobre o vídeo, Allan2 teria gritado “Renamo Hoyéee”, em exaltação a este partido, num evento organizado pela Frelimo, em que participavam membros deste último partido, incluindo Celso Correia, o director de campanha da Frelimo e chefe da bridada central de assistência à província de Nampula. Aliás, numa das descrições ao vídeo de 29 segundos (pelo menos até à tarde de 10 de Outubro de 2023, disponível aqui), refere-se o seguinte: “isso que é verdadeira vingança. O músico Allan2, de Nampula, exalta a Renamo (gritou «Renamo hoyeeeee» ), em pleno show organizado pela Frelimo em Nampula”.
OS FACTOS
Entretanto, uma verificação efectuada pelo Misa Check permitiu apurar que, na verdade, o cantor Allan2 não disse “Renamo Hoyéee”. Pelo contrário, o que o cantor disse foi “Monapo Hoyéee”, em referência ao nome da autarquia da província de Nampula, onde decorreu o showmício. Embora, foneticamente, “Monapo Hoyéee” possa se confundir com “Renamo Hoyéee”, não foi o caso na actuação do cantor baseado na cidade de Nampula, capital da província com o mesmo nome. Aliás, no vídeo original, com 4 minutos e 57 segundos, que Allan2 publicou na sua página do Facebook, às 21h:18 minutos do dia 27 de Setembro, segundo dia da campanha eleitoral 2023, o cantor exalta, claramente, a Frelimo. Até à tarde de 10 de Outubro de 2023, este vídeo inicial estava disponível aqui.
Após o extracto de 30 segundos viralizar nas redes sociais da Internet, o cantor Allan2 voltou a utilizar a sua página do Facebook para publicar a versão original do vídeo, reclamando que o mesmo foi editado para distorcer o que ele teria dito e manchar a sua imagem. “Saudações família. Este é o vídeo original. O que está a circular foi editado por alguém de má fé, no intuíto de manchar a minha imagem. Assistam e escutam com atenção o que realmente eu digo. Estamos juntos e vamos nessa”, escreveu o cantor, numa publicação com as hastags “#Monapo Hoye" e "#Frelimo Hoye" até à tarde de 10 de Outubro de 2023, disponível aqui. Portanto, o vídeo em causa é real, mas o seu conteúdo está a ser deturpado.
A ALEGAÇÃO
Tornou-se viral, nas redes sociais digitais, sobretudo nos últimos dois dias, uma imagem do presidente do partido Renamo, Ossufo Momade, alegadamente acenando, numa actividade de campanha eleitoral, a favor do partido Frelimo. Na imagem em que aparece ao lado de Paulo Vahanle, cabeça de lista da Renamo à autarquia de Nampula, nas eleições municipais deste ano, Ossufo Momade surge com a mão direita levantada e com três dedos para cima, contrariando Paulo Vahanle, que acena com apenas dois dedos.
A legenda sobre a imagem refere que “Ossufo Momade garante nº 3”, em alusão ao partido Frelimo que, no sorteio para as autárquicas deste ano, ficou na terceira posição. Aliás, a dar azo ao alegado apoio de Ossufo Momade ao partido Frelimo, veja-se o que referem várias mensagens que circulam nas redes sociais digitais: “Presidente da Renamo, Ossufo Momade, já disse SIM no número 3. Confirmou o seu voto na Frelimo”; “Ossufo não consegue esconder a sua paixão pela Frelimo. A verdade é como caju. Pode demorar, mas quando amadurece, cai sozinha”; “Claro que sempre esteve claro que OM é um membro do partido Frelimo, com quotas em dia e pagas até 2027”.
OS FACTOS
Entretanto, uma verificação feita pelo Misa Check concluiu que a imagem em que Ossufo Momade surge, alegadamente a endossar a Frelimo, é fruto de pura manipulação. De facto, na fotografia original, Ossufo Momade não levanta apenas três dedos, mas os cinco da sua mão, como se pode ver aqui. Como se não bastasse, a imagem em que o presidente da Renamo aparece com apenas três dedos levantados mostra claros efeitos de edição: uma mão com tonalidade mais escura que na fotografia original, e dedos ligeiramente compridos que na imagem original.
Mais ainda, o Misa Check falou com o autor da fotografia original, o jornalista Sitoi Lutxeque (veja assinatura da imagem no link acima), baseado em Nampula. O jornalista, que cobriu o evento de campanha em que Ossufo Momade se fez fotografar com Paulo Vahanle, disse não se lembrar do presidente da Renamo a endossar a Frelimo. O jornalista disse que registou a imagem ao longo da Avenida do Trabalho, em frente ao Moza Banco, na famosa zona de Jamila. Na altura, a caravana de Ossufo Momade estava numa passeata que foi culminar com um comício na zona da Faina. Com efeito, Ossufo Momade, Paulo Vahanle e Abiba Abá, a delegada política da Renamo, em Nampula, que se vê ao fundo da fotografia, encontravam-se numa viatura em movimento, à caminho da Faina.
Portanto, a ideia de que Ossufo Momade está a apoiar a Frelimo é pura manipulaçao, pelo menos a partir da imagem em causa. Aliás, numa outra versão manipulada da mesma imagem, Ossufo Momade até surge com boné e camisa, ambos vermelhos, cor que identifica a Frelimo. Nesta imagem, a camisa de Ossufo até tem símbolo da Frelimo, tudo contrariando a fotografia original, em que o presidente da Renamo veste camisa e boné azuis, uma das cores que identifica o seu partido.
A ALEGAÇÃO
Está a circular, nos últimos dias, nas redes sociais digitais, uma fotografia que mostra crianças em idade escolar, sentadas em blocos perfilados sobre um chão alagado, numa sala de aulas de construção precária. Actualmente a viralizar no WhatsApp, a imagem em causa está a ser associada à falta de condições de ensino e aprendizagem, em Moçambique. Estando em curso a campanha eleitoral para as eleições autárquicas 2023, a imagem está a ser usada como um convite para um voto contra a falta de condições no Sistema Nacional de Educação (SNE). Com efeito, numa das descrições à imagem, pode se ler o seguinte: “Eles (Nota do Editor: em referência às crianças sentadas ao chão) não têm idade para votar, por favor vote por elesʼʼ.
Aliás, já antes das eleições, a mesma imagem havia sido publicada, no dia 29 de Maio de 2022, no Facebook, com a referência “A educação em Moçambique”, seguida por comentários como “é triste este cenário onde está o nosso governo da Frelimo. Só querem nossos votos”; “a Frelimo é que fez, a Frelimo é que faz”; “por favor, socorro para essas crianças. Onde está o nosso governo? A Frelimo é que faz quando quer voto, mas depois deixa tudo, sem fazer nada. Pelo menos olhem para o sofrimento desses inocentes, Meu Deus”; ou “enquanto isso, a nossa madeira sai à porta pequena para o mundo lá fora...”, conforme publicação disponível, pelo menos até à tarde do dia 6 de Outubro de 2023, aqui.
OS FACTOS
Embora a falta de condições no SNE seja real, em Moçambique, onde alunos continuam a estudar em situações deploráveis, sentadas no chão e ao relento, incluindo por baixo de árvores, a imagem em causa não é de Moçambique. Na verdade, ela foi tirada no Quénia e retrata uma enchente numa escola da cidade de Kilifi, em Maio de 2019. Portanto, a actual publicação desta imagem está descontextualizada. Aliás, não é a primeira que ela está a ser publicada de forma deturpada. Já em 2019, havia sido associada, nas redes sociais digitais, à Nigéria, o que foi, na altura, rebatido por várias agências de verificação de factos, como a AFP.